Em reunião com ministros na tarde desta segunda-feira (18), no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro reclamou e cobrou mudanças na estratégia de comunicação do Ministério da Saúde em relação às ações de combate à Covid-19, principalmente no tocante à vacinação. O encontro não constou na agenda oficial do presidente.
A reunião foi convocada de última hora por Bolsonaro e contou a presença de assessores próximos e de pelo menos 10 ministros. Entre eles, Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil); Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Eduardo Pazuello (Saúde), Fabio Faria (Comunicações) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa).
Segundo um dos presentes, Bolsonaro reclamou que a comunicação do Ministério da Saúde tem sido falha. Ele afirmou que a pasta não tem conseguido destacar de forma eficaz as ações e realizações do governo.
Também cobrou que o ministério precisa se antecipar aos problemas, e não tentar apagar incêndios ou se justificar posteriormente.
Houve reclamação especial sobre o episódio envolvendo a busca dos 2 milhões de doses da vacina de Oxford na Índia. A avaliação foi de que Pazuello errou ao antecipar detalhes da operação e ao mandar adesivar o avião que faria o frete, o que acabou melindrando os indianos e adiando a chegada das doses, que segue sem previsão.
Conforme apurou a CNN, foi durante a reunião que houve a ideia de o ministro da Saúde dar a entrevista coletiva no Planalto hoje à tarde. O argumento foi de que Pazuello precisava reagir às críticas de que o general e o governo vêm sendo alvo por conta do atraso na vacinação. A avaliação posterior, contudo, foi de que a coletiva “não foi boa”.
Sem demissão
O presidente também reclamou da burocracia do Ministério da Saúde. Apesar das cobranças, deixou claro que não pretende demitir Pazuello, como alguns veículos de imprensa cogitaram nos últimos dias. Bolsonaro, contudo, escalou o ministro das Comunicações para ajudar o titular da Saúde a melhorar a comunicação.
Ainda no encontro, Bolsonaro discutiu o tom do discurso do governo em relação à vacinação. Houve ministros, como Guedes, que pregaram que algumas figuras do governo precisam dar declarações defendendo a vacinação em massa — algo que não agrada muito ao presidente, que já afirmou publicamente ser favorável à vacinação voluntária.
Segundo ministros, a reunião desta segunda-feira acabou não sendo conclusiva. A expectativa é de que um novo encontro com aconteça nesta terça-feira (19), para tentar chegar a um consenso sobre o tom que o governo adotará em relação à vacinação. Procurado oficialmente, o Planalto ainda não respondeu.