O presidente Jair Bolsonaro admitiu publicamente pela primeira vez nesta segunda-feira (8) que o governo está negociando a retomada do auxílio emergencial ou algum tipo de ajuda financeira a pessoas que ficaram desamparadas durante a pandemia do novo coronavírus.
“Estamos negociando com Onyx Lorenzoni, Paulo Guedes, (Rogério) Marinho, entre outros, a questão de um auxílio ao nosso povo que está ainda em uma situação bastante complicada”, disse Bolsonaro.
“Sabemos que estamos no limite do endividamento, temos que nos preocupar, temos um cuidado muito grande com os investidores, contratos, não podemos quebrar nada disso”, disse Bolsonaro, acrescentando que a pandemia “deu uma desajustada na economia”, e que ainda temos pela frente dois problemas: o vírus e o desemprego.
“Temos um cuidado muito grande com o mercado, com os investidores e com os contratos, que devem ser respeitados. Nós não podemos quebrar nada disso, caso contrário não teremos como garantir que o Brasil será diferente lá na frente”, destacou ele.
Bolsonaro — que desde o ano passado vinha se posicionando contrariamente à prorrogação do auxílio emergencial, encerrado em dezembro — fez esse aceno público do retorno do benefício em cerimônia no Palácio do Planalto da qual participaram os novos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Lira e Pacheco vem defendendo a retomada do benefício desde a campanha para a sucessão das Casas Legislativas.
Na última semana, Jair Bolsonaro entregou a Lira e Pacheco uma lista de 35 prioridades para o Poder Legislativo neste ano, mas nenhuma delas se referia à ajuda.
Mais cedo, em participação do Brasil Urgente, do apresentador José Luiz Datena, Bolsonaro disse que o auxílio emergencial é discutido o tempo todo e que, se a pandemia não melhorar, a prorrogação do benefício será considerada, mas voltou a afirmar que isso traria problemas para a economia.
“O dólar sobre, isso aumenta o preço do combustível lá fora. Aproximadamente 30% do diesel que consumimos no Brasil vem de fora pra dentro. Se o preço não for compensador, o pessoal não vai mais exportar diesel pra gente”, disse o presidente.
Em meio à escalada no número de casos de covid-19 neste ano, o governo vem sendo pressionado para que o socorro aos trabalhadores mais vulneráveis, que acabou em dezembro, seja prorrogado. O pagamento feito durante os nove meses de pandemia a mais de 50 milhões de brasileiros não cabe no orçamento federal sem que o teto de gastos seja desrespeitado. Por isso, só seria possível com a extensão do período de calamidade pública.