A perspectiva de que o julgamento sobre a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no STF (Supremo Tribunal Federal) não deve devolver ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o direito político de disputar as eleições pode embolar o jogo da esquerda na disputa de 2022.
Hoje, o entendimento é de que a Segunda Turma do Supremo acate o pedido da defesa do ex-presidente e considere Moro parcial, mas a decisão deve se limitar ao caso do tríplex do Guarujá. Em entrevista à CNN, o ministro Gilmar Mendes, indicou essa posição.
Mas, como Lula também tem uma condenação no processo do sítio de Atibaia, ele deve seguir inelegível até que a corte se debruce sobre a imparcialidade do ex-juiz neste caso.
A avaliação entre lideranças da esquerda é a de que, sem Lula no jogo político, esses partidos que estão na oposição ao presidente Jair Bolsonaro tendem a não caminhar unidos na corrida de 2022.
Nesse cenário em que o Supremo caminha para manter a inelegibilidade de Lula, integrantes do PT acreditam que será difícil manter o campo em torno de único nome. O entendimento é o de que o ex-presidente seria o único capaz de construir uma ampla aliança da esquerda.
Sem Lula na corrida pela sucessão de Bolsonaro, a expectativa é a de que a esquerda tenha hoje ao menos três nomes: o do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), do governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), e do candidato derrotado à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL). Há, no entanto, um movimento na esquerda para evitar essa pulverização.
A avaliação é a de que, a depender do cenário eleitoral, esses partidos só terão chance de disputar um segundo turno se estiverem juntos.
De acordo com relatos feitos à CNN, hoje, a limitação da suspeição de Moro ao caso do tríplex é tida como determinante para que o Supremo admita a parcialidade do ex-juiz. No habeas corpus impetrado no tribunal, em novembro de 2018, os advogados de Lula pedem que os efeitos da decisão do STF sejam estendidos a todos os casos que estavam sob a condução de Moro.
Há também a avaliação, nos tribunais superiores, de que a suspeição só pode ser analisada caso a caso. Aliados do petista entendem, no entanto, que o Código de Processo Penal deve ser interpretado no sentido de uma decisão benéfica a um réu seja estendida a situações similares –como é o caso.
Com a possível limitação, aliados de Lula devem insistir para que os demais julgamentos sobre a falta de imparcialidade de Moro aconteçam o quanto antes. As discussões, no entanto, ainda não têm data marcada.