Policiais da Espanha invadiram uma universidade em Lleida e prenderam um rapper que foi condenado por ter escrito músicas em que insultava a família real e, de acordo com a sentença, glorificava o terrorismo.
Pablo Hasel, o rapper preso nesta terça-feira (16), deveria ter se apresentado à polícia na semana passada para cumprir uma pena que havia sido imposta em 2018. O caso levantou uma polêmica na Espanha. O governo afirmou que vai ampliar as leis de liberdade de discurso.
Na segunda-feira (15/02), Hasel se refugiou na universidade em Lleida com um grupo de apoiadores. Houve um pequeno confronto com a polícia na manhã desta terça-feira. O grupo de Hasel jogou cadeiras e jatos de extintores de incêndio nos policiais.
Hasel foi condenado por letras e tuítes que incluíam referências ao grupo paramilitar separatista ETA, comparava juízes a nazistas e chamava Juan Carlos, o rei que abdicou em 2014, de líder de uma máfia.
“A vitória será nossa. Sem esquecimento nem perdão”, disse ele ao ser preso. Horas antes, ele publicou em uma rede social as letras de músicas e textos que resultaram em sua condenação.
Mais de 200 artistas assinaram um documento contra a prisão do rapper, entre eles o diretor de cinema Pedro Almodovar, o ator Javier Bardem e o cantor Joan Manuel Serrat.
O governo espanhol afirmou, na semana passada, que vai mudar a lei de 2015 que criminaliza a glorificação de grupos armados como o ETA e insultos à monarquia e às religiões.
Com a reforma, as penas serão mais leves, e só haverá ação legal se houver risco à ordem pública ou provocar condutas violentas.
O ETA foi dissolvido em 2018, depois de quatro décadas de campanhas violentas pela independência do País Basco, uma região no norte da Espanha.