A Polícia Federal apresentou nesta sexta-feira (26/02) os resultados da perícia que investigou a causa do rompimento da barragem da Vale B1, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O laudo apontou que perfurações feitas pela mineradora causaram o rompimento da estrutura.
Segundo a PF, o objetivo era instalar sondas para monitorar e analisar a condição interna do rejeito de minério depositado no local e que a mineradora contratou, em outubro de 2018, uma empresa para fazer o serviço de identificação dessas condições. A parte mais baixa da estrutura era composta por um material mais fino, de baixa capacidade de suporte e, portanto, mais frágil.
“Esse trabalho começou ainda em dezembro, antes de as informações da primeira campanha serem processadas, e esse foi o erro. É como se a pessoa fosse fazer um exame de imagem e não entregasse o resultado ao médico para análise”, explicou o delegado responsável pelas investigações, Luiz Augusto Pessoa Nogueira.
Para Leonardo Mesquita, perito da PF, a perfuração começou numa área crítica da barragem, cinco dias antes da ruptura. Em 25 de janeiro, quando a barragem entrou em colapso, o trabalho atingiu o ponto mais frágil, o que gerou uma onda de liquefação. “Justamente quando você induz, pontualmente, uma sobrepressão e que era o dobro da pressão que havia, ele se propaga para toda a barragem. Porque a liquefação funciona dessa forma. Basta um ponto que rompa para que a pressão seja desencadeada.”
A perícia constatou que piezômetros, instrumentos de monitoramento instalados na barragem, não identificaram o processo de liquefação, que ocorreu de forma muito rápida. “Uma perfuração dessa não poderia jamais romper uma estrutura que estivesse em uma condição de estabilidade aceitável, só que, a condição de estabilidade dessa estrutura era marginal, ela era abaixo do aceitável pelas normas. Basta um ponto que rompa para que a pressão seja desencadeada”
A PF informou que a partir do laudo pericial apresentado nesta sexta, novas diligências serão realizadas. As investigações continuam, e ainda não há definição sobre possíveis indiciamentos. “Pelo menos um erro de execução a gente já pode adiantar que houve. A questão aí é de perícia, imperícia, negligência ou dolo vai ser analisado a partir de agora”, concluiu o delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira.
Em nota, a Vale disse que tomou conhecimento nesta sexta-feira (26/02) da expedição do laudo da perícia técnica da Polícia Federal e que a empresa “avaliará o inteiro teor do laudo e oportunamente se manifestará nos autos por intermédio de seu advogado David Rechulski.”
Fonte: Hoje Em Dia