Jovem, idoso, com enfermidade ou não. O perfil da pandemia do novo coronavírus em Minas Gerais estampa o perigo da COVID-19 para todas as faixas etárias.
Efeito COVID-19: Hospitais começaram a lotar de jovens após o réveillon
Apesar de a maioria dos diagnósticos estarem associados ao chamado “grupo de risco” – como idade superior a 60 anos ou doenças crônicas –, não é uma regra.
E, para piorar, as internações da faixa fora de risco têm aumentado. Médicos que trabalham na linha de frente acreditam que as flexibilizações e a inconsequência dos jovens resultam na alta de ocupação de leitos. As variantes do novo coronavírus estão atacando a população mais jovem.
”É preciso entender que o risco de morrer ainda é grande. As pessoas não estão protegidas pela idade ou por não pertencer ao grupo de risco”
Fernando Botoni, médico intensivista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a média de idade dos casos confirmados de COVID-19 é de 42 anos. No que diz respeito às mortes, esse número sobe para 71.
No entanto, 20% das mortes são de pessoas abaixo dos 60. Em Belo Horizonte, os óbitos de pacientes abaixo dessa faixa correspondem a 16,6%, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
São números expressivos e que indicam o contexto da doença, avalia o médico intensivista e professor Fernando Botoni, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Muito dificilmente a gente tem uma doença que vai estritamente obedecer somente a uma faixa etária e também à presença ou não de comorbidade. Podemos pensar em uma doença gripal de outra natureza, por exemplo, a influenza, o H1N1, também não tem nenhuma predileção por grupos”, avalia.
O novo coronavírus é mais letal para os grupos de risco, mas o professor ressalta a importância de que todos se protejam. “Há países do hemisfério norte que tiveram que tomar medidas de controle social porque os jovens estavam saindo sem a menor proteção, dentro da premissa de que estavam salvaguardados porque era doença de idosos. Isso estava aumentando o número de casos”, conta Botoni.
“É preciso entender que o risco de morrer ainda é grande. As pessoas não estão protegidas pela idade ou por não pertencer ao grupo de risco de evolução da doença”, alerta.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a média de idade dos casos confirmados de COVID-19 é de 42 anos. No que diz respeito às mortes, esse número sobe para 71.
No entanto, 20% das mortes são de pessoas abaixo dos 60. Em Belo Horizonte, os óbitos de pacientes abaixo dessa faixa correspondem a 16,6%, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
São números expressivos e que indicam o contexto da doença, avalia o médico intensivista e professor Fernando Botoni, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Muito dificilmente a gente tem uma doença que vai estritamente obedecer somente a uma faixa etária e também à presença ou não de comorbidade. Podemos pensar em uma doença gripal de outra natureza, por exemplo, a influenza, o H1N1, também não tem nenhuma predileção por grupos”, avalia.
O novo coronavírus é mais letal para os grupos de risco, mas o professor ressalta a importância de que todos se protejam. “Há países do hemisfério norte que tiveram que tomar medidas de controle social porque os jovens estavam saindo sem a menor proteção, dentro da premissa de que estavam salvaguardados porque era doença de idosos. Isso estava aumentando o número de casos”, conta Botoni.
“É preciso entender que o risco de morrer ainda é grande. As pessoas não estão protegidas pela idade ou por não pertencer ao grupo de risco de evolução da doença”, alerta.
Botoni acredita ainda que pode haver subnotificação de outros fatores de risco, pois parte da população não sabe que tem enfermidades crônicas como diabetes, hipertensão arterial ou hepatite.
“Uma porcentagem grande não tem noção que tem, porque são doenças silenciosas em sua grande parte. Quando se manifestam, já é em uma fase tardia. As medidas de saúde pública contribuíram ao longo dos anos, mas principalmente os homens, que buscam menos atenção primária e têm menos atitudes de prevenção, devem ser observados.”
O PERIGO DO DESCUIDO
Médicos que estão na luta diária contra a COVID-19 confirmam na prática o que diz o professor Fernando Botoni. É o que constata Bárbara Mares Porto, médica na enfermaria COVID-19 do Hospital Municipal Odilon Behrens, em BH
“A grande parte da internação continua sendo de idosos, mas a idade tem diminuído. A média hoje é de 50 anos, antes era de 70 pra cima. Nesta semana, tivemos três pacientes com menos de 50 que evoluíram com necessidade de internação”, afirma.
A percepção da médica é de que comorbidades simples estão acometendo esse novo perfil de internados.
“Temos visto pessoas com menos comorbidades necessitando de internação. Desde os mais jovens, o que chama a atenção é o sobrepeso. A impressão que tenho é de que são pessoas que já voltaram às atividades de trabalho, um público ativo. E tem ainda um pouco de relaxamento com as medidas de prevenção, como ocorreu com uma paciente de 40 anos que acabou de voltar da praia”, conta Bárbara.
O médico Cristiano Pinheiro, que trabalha no Hospital de Campanha em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, atribui a alta de internações à falta de cuidado dos mais jovens.
“Um fato que está chamando muito a atenção da nossa equipe é a contaminação de adultos jovens, e já há relatos de crianças também contaminadas”, disse.
“Na primeira onda, basicamente os idosos estavam sendo acometidos e chegando à letalidade. Com isso, os adultos jovens relaxaram e passaram a se aglomerar, deixaram as etiquetas respiratórias de lado, a proteção de máscara e outros cuidados.”
Cristiano avalia a atual fase da pandemia como “segunda onda” que acomete adultos jovens na mesma medida que pessoas acima dos 60.
“Estão chegando muito graves para nós, em todo o sistema de saúde. Muitos estão sendo entubados, respirando com ajuda de aparelhos e grande parte está sendo letal”, diz o médico, reiterando um apelo: “Devemos ter consciência social, pensar em nós como um todo”, pede o médico.
Fonte: Estados De Minas