A Secretaria de Saúde de João Monlevade, por meio da Divisão de Saúde Mental, estruturou um projeto de atendimento em saúde mental aos profissionais que trabalham na linha de frente da Covid-19.
O projeto começou a funcionar no dia 31 de março e os atendimentos serão agendados a partir do dia 19, conforme demanda. Também estão envolvidos a Secretaria de Esportes e o Serviço de Fisioterapia da Secretaria de Saúde.
O objetivo é oferecer cuidados psicossociais e clínicos aos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos e auxiliares de enfermagem, ajudante de serviços gerais, dentre outros diretamente vinculados ao serviço. A proposta é direcionada aos funcionários do Hospital Margarida e do Centro de Referência em Covid-19 da Prefeitura.
A coordenadora da Divisão de Saúde Mental de João Monlevade, Eliana Bicalho Ferreira de Almeida, informou que o projeto foi elaborado após solicitação da secretária de Saúde, Mirellié Marcenes Santos. O pedido se deve ao estresse que estes trabalhadores vêm sofrendo desde o início da pandemia.
Além dos fatores de estresse que já ocorrem no serviço de saúde, a Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que os profissionais da linha de frente do coronavírus, estão sujeitos a fatores específicos.
Entre estes destacam-se: o medo dos profissionais de se contaminarem ou aos familiares; medo de morrer, ou perder colegas ou parentes para a doença; luto pela morte de pacientes; frustrações por não conseguirem atender seus pacientes; cansaço físico e emocional; esgotamento; depressão; ansiedade; transtorno de estresse pós-traumático, entre outros.
Cuidando de quem cuida
Eliana Almeida ressalta que com o colapso do sistema hospitalar em João Monlevade, os profissionais do hospital e do Centro de Referência em Covid-19 estão sob enorme pressão. “Temos recebido relatos de pessoas que querem abandonar o trabalho. É preciso cuidar de quem está cuidando de nós”, disse.
Além de Eliana, participaram da elaboração do projeto a primeira-dama, Rosângela Guimarães Ribeiro, que é psiquiatra, e a gerente administrativa do Serviço de Saúde Mental (Sésamo/Caps II), Samanta Cristina Oliveira.
A gerente do Sésamo argumentou que a proposta é uma forma de apoiar quem está na linha de frente. Apesar do heroísmo com que eles têm se dedicado, Samanta Oliveira afirma, que eles são pessoas, são humanos e também possuem fragilidades. “Eles também estão vulneráveis e precisam de alguém que os escute, que possa ouvi-los”, declarou.
Entretanto, Eliana Almeida e Samanta Oliveira entendem que a população precisa se conscientizar sobre a necessidade de cumprir as medidas sanitárias de enfrentamento à Covid-19. A pressão sob estes profissionais só vai diminuir se a população obedecer às regras que buscam frear a transmissão do vírus.
Atendimento
O projeto de atendimento mental teve início com a entrega de um questionário aos profissionais no dia 31. Eles são questionados se precisam de apoio psíquico; psicoterapia individual; consulta médica especializada; grupo de apoio terapêutico; orientação em assistência social; dia e horário que prefere para ter o primeiro atendimento, entre outros.
Também é questionado se o profissional sente dor muscular, relacionada ao excesso de trabalho; parte do corpo onde sente dor; se ele considera importante ter um acompanhamento em atividade corporal; além de pedir sugestões que possam ajudá-lo.
De posse das solicitações, serão realizadas ações propostas para atendimento presencial ou por via online e lives com conteúdo destinado a este público. A Divisão de Saúde Mental planeja efetuar o atendimento presencial no Centro de Saúde do bairro Cidade Nova.