De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, os “jovens” internados na UTI com COVID-19 em BH têm, em média, 42 anos – mesma idade do do ator Paulo Gustavo, morto na terça-feira (4/5) por complicações da virose. O grupo inclui 4.218 dos 8.763 das internações realizadas entre 1/3 a 30/4 nos leitos de terapia intensiva mobilizados para a doença (48%).
A Secretaria Municipal de Saúde diz que considera como “jovens” pessoas abaixo dos 59 anos. A pasta, no entanto, não detalha este público por faixa etária. Tampouco esclarece se ele inclui crianças e adolescentes.
Questionado pelo Estado de Minas, o Executivo informou por telefone que, “no momento, não dispõe dos dados”. A reportagem solicitou ainda estatísticas mais precisas sobre a internação de pessoas com mais de 60 anos nas UTIs da capital para fins de comparação, mas as informações também não foram liberadas.
A notícia de que praticamente metade dos pacientes internados nas UTIs COVID nos últimos dois meses na capital é composta por jovens foi mencionada pela primeira vez pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) em coletiva realizada nessa quinta-feira (6/5).
O evento definiu os rumos do isolamento social na cidade, flexibilizado a partir deste sábado (8/5) com a reabertura de bares, restaurantes e feiras.
Diante dos questionamentos da imprensa sobre o quadro pandêmico da juventude, Kalil foi impreciso.
“Eu recebi a informação do secretário hoje de que praticamente a metade dos internados são jovens. Se você me perguntar quais jovens, vou dizer que temos óbitos de 23 anos, de 40 anos, de 39, de 32. Se você considerar a morte de um ator de 42 anos, se ele não for um jovem, ele é o quê? Um pré-adolescente ou um idoso? Ele não passa de um jovem. Então, o número é realmente alarmante, principalmente entre os jovens, que na maioria das vezes ignoram e vão para baladas, para festas, churrascos, e é isso que a gente quer evitar”, afirmou o prefeito.
O mandatário, contudo, foi enfático ao dizer que o adoecimento dos mais novos é, agora, uma das maiores preocupações do poder público.
“É um momento muito diferente, onde o medo toma conta cada vez mais da população, porque a cepa não está brincadeira. Estou vendo dezenas de jovens que hoje sabem que podem se internar. Quase metade das internações hoje são de pessoas da idade de vocês, então tenham cuidado, tenham responsabilidade, porque é muito grave a situação, principalmente desta faixa etária na cidade de Belo Horizonte”, disse o dirigente.
O prefeito também aproveitou o momento para lembrar ao grupo que o Dia das Mães, comemorado neste domingo (9/5), deve ser celebrado com responsabilidade, já que a maior parte da população da capital ainda não foi vacinada.
“Eu já não tenho a minha (mãe), mas muitos de vocês, que são mais jovens, vão se encontrar com as mães. O Paulo Gustavo é mais um que não passará o Dia das Mães com a mãe dele, que é viva. E ele era um rapaz de 42 anos. Então é esse recado que eu dou. Um presente na porta, uma live, o uso da imaginação, obviamente para aqueles que não moram com os pais. Vamos passar vários dias das mães com as nossas mães”, recomendou o chefe do Executivo.
Boletim
Após quatro dias seguidos de queda, os indicadores de ocupação de UTIs e enfermarias de Belo Horizonte apresentaram pequena alta nesta sexta-feira (7/5).
De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, o fator de transmissão por infectado (rt) se manteve em 0,93 (o desejável é sempre menor que 1,0).
A ocupação das UTIs subiu de 74,2% para 74,4%, mantendo-se no nível de alerta vermelho. O maior índice da semana foi registrado na segunda-feira (3/5), quando 77% das vagas estavam lotadas.
A mudança se deve à redução de leitos exclusivos para COVID-19 na rede privada. Nessa quinta-feira (6/5), a prefeitura informou que os hospitais particulares contavam com 530 leitos. O último levantamento, porém, mostra que agora são 516 à disposição de pacientes. A taxa de ocupação é de 64,5%.
Por sua vez, a rede pública conta com 568 leitos para tratamento da COVID-19, com lotação de 83,8% – no boletim anterior, era 85,7%.
Já as enfermarias cresceram de 52,8% para 53,8%, com o nível de alerta amarelo, que é o intermediário. A maior ocupação contabilizada na semana também foi na segunda-feira, com 56,2% das vagas preenchidas.
A PBH oferece hoje 1.165 leitos clínicos na rede pública para os pacientes com coronavírus – a ocupação está em 56,5%. Já os hospitais privados também reduziram o número de leitos em relação à quinta-feira: de 873 para 870 vagas, sendo que 50,2% estão ocupados.
Fonte: Estados De Minas