Os bombardeios israelenses contra supostos alvos militares do movimento islâmico Hamas e do grupo aliado Jihad Islâmica destruíram ou danificaram seriamente cerca de 450 edifícios na Faixa de Gaza. Mais de 52.000 palestinos já foram deslocados, em nove dias de ataques, segundo o escritório das Nações Unidas para a coordenação de assuntos humanitários (OCHA, na sigla em inglês).
Os confrontos entre Israel e o Hamas prosseguem sem perspectivas concretas de trégua. A comunidade internacional reforça os apelos por um cessar-fogo entre as partes.
Dois trabalhadores tailandeses morreram nesta terça-feira (18) em Israel, após um novo lançamento de foguetes a partir da Faixa de Gaza, aumentando para 12 o número de mortos no território hebreu. Já os bombardeios israelenses mataram ao menos 213 palestinos no enclave, que vive sob bloqueio israelense há 15 anos.
De acordo com levantamento da ONU, 132 prédios foram destruídos e 316 seriamente danificados em Gaza, incluindo seis hospitais e nove centros de saúde, bem como uma usina de dessalinização, dificultando o acesso à água potável para cerca de 250.000 pessoas. Esse território palestino, muito pobre, abriga 2 milhões de habitantes.
O Conselho de Segurança da ONU realiza nesta terça-feira a quarta reunião de emergência desde o início da nova escalada, em 10 de maio. Mas os Estados Unidos continuam se recusando a adotar uma declaração para exigir o fim da violência, o que causa certa indignação na comunidade internacional.
Para aumentar a polêmica, o jornal americano The Washington Post publicou na segunda-feira (17) uma reportagem afirmando que o governo americano aprovou, em 5 de maio, um contrato de venda de armas para Israel no valor de US$ 735 milhões – principalmente bombas teleguiadas. Segundo o jornal, isso poderia justificar a resistência do presidente americano, Joe Biden, em pedir publicamente um cessar-fogo.
Egito envia ajuda humanitária a Gaza
O Egito busca recuperar sua influência regional com o papel de mediador entre Israel e o Hamas para conter o conflito em Gaza. Em um comunicado divulgado na noite de segunda-feira, o ministro da Saúde egípcio, Hala Zayed, disse que seu país iria enviar um carregamento com 65 toneladas de “suprimentos cirúrgicos”, incluindo “cilindros de oxigênio, seringas, antibióticos e pomadas para queimaduras”. Além disso, 26 caminhões de ajuda alimentar já foram enviados ao território palestino e 50 ambulâncias foram mobilizadas para transportar feridos.
As Nações Unidas haviam saudado a iniciativa de Israel de reabrir a passagem de Kerem Shalom para que ao menos a ajuda humanitária pudesse chegar a Gaza. Porém, a passagem foi novamente fechada no início da tarde desta terça-feira, após o novo lançamento de foguetes pelos grupos armados palestinos na direção de Israel.
Quem fornece armas ao Hamas?
O Hamas conta, em parte, com o apoio do governo iraniano e parece estar armado para resistir aos bombardeios israelenses, apesar da assimetria dos combates pela superioridade militar de Israel. Mais de 3.000 foguetes foram lançados na semana passada de Gaza, no ritmo mais intenso de ataques já dirigidos ao território hebreu, segundo o Exército israelense.
“O poder de fogo do Hamas, tanto em termos de número de foguetes quanto de alcance, excede em muito os incidentes anteriores”, confirma o International Crisis Group (ICG) em um relatório divulgado na sexta-feira (14). “No plano militar, Israel foi pego de surpresa pelas capacidades operacionais do Hamas”, afirmava o documento.
O braço armado do Hamas, que atua em parceria com a Jihad Islâmica, também consegue agora alcançar Jerusalém e afirma ter foguetes suficientes para manter um conflito durante dois meses. Pela primeira vez, utilizou o míssil Ayyash 250, com alcance de 250 quilômetros, em um ataque contra a cidade de Eilat, no sul de Israel, mas o disparo que não teve sucesso.
Até alguns anos atrás, o Sudão apoiava os palestinos, principalmente fornecendo armas que eram montadas em fábricas no país africano e contrabandeadas pelo Egito.
A Síria de Bashar al-Assad também forneceu foguetes no passado. Mas, além de algumas personalidades da diáspora, o Irã é o país que hoje se encontra na linha de frente na ajuda aos grupos armados palestinos.
“O apoio aos atores regionais se tornou um pilar essencial da postura militar do Irã”, apontou o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) em abril. “As atividades de proliferação do Irã se concentraram no regime sírio e em atores não estatais”, especialmente em Gaza.
“A abordagem iraniana vai além da transferência de armas. É uma questão de transferência de know-how, de modelos de design e de boas práticas”, segundo um especialista em armas que se mantém anônimo, mas publica suas pesquisas na conta Calibre Obscuro, no Twitter.
Fonte: MSN