Belo Horizonte vive dia de ruas cheias e aglomerações. Neste domingo (30/5), o fluxo de pessoas foi intenso no entorno da Lagoa da Pampulha, onde cidadãos aproveitaram a luz do sol para se exercitar e admirar a paisagem. Na Feira de Artes, Artesanato e Produtores da Afonso Pena — a Feira Hippie, no Centro —, o movimento também chamou a atenção.
As aglomerações em tempo de COVID-19, no entanto, preocupam o comitê montado pela Prefeitura de BH para monitorar o avanço da doença viral. Na sexta-feira (28/05), data do último boletim diário da epidemia, o número médio de transmissão por infectado estava em 1,07 — o que representa nível intermediário de risco. O índice de isolamento, por seu turno, apontava 43,7%.
Aos fins de semana, o isolamento social costuma ter picos: no domingo passado, por exemplo, bateu 51,8%, ante 46,1% no dia anterior. Em abril e maio (considerando recorte até o dia 26), contudo, o percentual não ultrapassou 55%, marca tida como ideal por autoridades em saúde. A última vez que isso ocorreu foi em 28 de março, justamente um domingo. Naquele dia, 55,6% dos belo-horizontinos evitaram se expor ao vírus.
Neste domingo, na Pampulha, algumas pessoas praticavam, sem máscaras, atividades físicas como ciclismo e caminhada. Ao Estado de Minas, um guarda municipal disse que, durante parte da manhã, houve distribuição de protetores faciais aos transeuntes.
Na Feira Hippie, a multidão se espremeu entre os corredores da Afonso Pena para ver e adquirir os produtos expostos pelos barraqueiros.
Às vésperas do feriado prolongado de Corpus Christi, que começa na próxima quinta (6/6), especialistas temem os efeitos da folga estendida que muitos cidadãos terão. O infectologista Unaí Tupinambás, que integra o grupo de médicos responsáveis por aconselhar o prefeito Alexandre Kalil (PSD), prega prudência durante esta semana.
“Tem feriado agora, a gente fica preocupado. As pessoas estão achando que a pandemia acabou. As pessoas estão cansadas, estamos (às vésperas do) inverno, há as variantes novas. Tem tudo para aumentar o número de casos e ser outra grande catástrofe”, alerta.
A queda no isolamento em Belo Horizonte tem relação com a gradual flexibilização das atividades. Neste mês, a prefeitura autorizou o relaxamento de medidas ligadas a supermercados, feiras livres e clubes.
Antes vetados de funcionar aos domingos, mercados e padarias passaram a poder abrir as portas. Os espaços de lazer e as feiras também foram liberadas.
Números dão alerta
Belo Horizonte encerrou a última semana útil com ligeiras quedas em todos os índices de monitoramento da pandemia — inclusive no índice de transmissão por infectado. Mesmo assim, o percentual de unidades de terapia intensiva (UTIs) ainda está no nível vermelho, tido como crítico. Segundo os dados, 77,7% dos leitos estavam com pacientes.
As enfermarias, por seu turno, estavam com 61,3%, no nível amarelo. Na terça (26/5), a cidade passou a barreira das 5 mil mortes por causa da virose. Conforme o último boletim, são 5.079 óbitos.
Secretário de Mandetta pede atenção
Ao EM, neste domingo, o ex-secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, disse que o monitoramento é essencial para que junho, julho e agosto sejam meses com menos mortes.
“O que dá para fazer nesses meses em que temos a maior parte de síndromes respiratórias? É testagem e/ou uma vigilância sindrômica para que isolemos todas as pessoas sintomáticas e tenha o melhor monitoramento de quem teve contato com aquela pessoa. A Saúde da Família dá conta de fazer isso”, falou.
Índice de isolamento social em BH – 16/5 a 26/5
16/5: 51,9% (domingo)
17/5: 43,3%
18/5: 43,9%
19/5: 43,8%
20/5: 43,3%
21/5: 42,9%
22/5: 46,1% (sábado)
23/5: 51,8% (domingo)
24/5: 43,7%
25/5: 43,7%
26/5: 43,7%
Fonte: Estados De Minas