A CPI da Pandemia ouve, pela segunda vez, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O depoimento foi antecipado para esta terça-feira (8) pelos senadores após a oitiva da infectologista Luana Araújo e o Brasil decidir sediar a Copa América.
A sessão estava prevista para começar às 9h, mas os trabalhos foram abertos pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) com 30 minutos de atraso. Antes de questionarem Queiroga, os senadores discutem questões de ordem sobre o andamento da CPI.
Às 10h, Aziz passou a palavra para Queiroga fazer uma fala de introdução antes de ser questionado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Resumo da CPI da Pandemia:
• População será vacinada até o fim de 2021
Em sua fala inicial à CPI, Queiroga afirmou que depois de 60 dias à frente da pasta, pode apresentar resultados – ele disse que em seu primeiro depoimento apresentou mais projetos do que ações.
“Reafirmo meu compromisso de trabalhar pela saúde pública do Brasil e que, neste momento, esse compromisso se materializa no enfrentamento eficaz da pandemia de Covid-19, que seja capaz de retirar o caráter pandêmico desta doença”, afirmou o ministro.
“Acredito fortemente que o caráter pandêmico dessa doença só será cessado com uma eficiente campanha de vacinação. Por isso, todos os dias, trabalho para prover mais doses de vacinas, acelerar a nossa campanha, executada pelo sistema público de saúde”, continuou.
“[Temos] mais de 600 milhões de doses de vacina pactuadas com o Ministério da Saúde, o que permite afirmar aos senhores, com um grau muito forte de segurança, que teremos nossa população vacinável, ou seja, acima de 18 anos, vacinada até o final do ano.”
O ministro defendeu, ainda, ser preciso união nacional para garantir o fim da pandemia de Covid-19. “Precisamos fazer com que nosso país se reencontre para, juntos, superarmos essa crise sanitária de uma vez por todas. E, depois, voltarmos a divergir porque a divergência é parte da construção da democracia.”
• Senadores falam sobre onda de violência no Amazonas
O presidente da CPI falou da situação de combate ao tráfico no Amazonas, seu estado de origem, e reclamou da preferência por vacinar presos no sistema carcerário.
“Eu faço esse apelo ao governo. O presidente [Jair Bolsonaro] ontem estava mal-informado e fez uma cobrança pública a mim e ao Eduardo Braga (MDB-AM). Eu fiz minha parte, mas não é momento de fazer cobrança nem de um, nem de outro. O que estamos vendo no Brasil, especialmente na Amazônia, é que não temos segurança nenhuma em nossas fronteiras”, disse Aziz.
“Estamos no terceiro ministro da Justiça. Não há uma política. E não é só Manaus, é o Brasil todo. Temos esse tipo de problema em várias cidades. Não podemos permitir que facções, comandos, sejam donos de uma cidade e de um estado. Há uma inversão muito grande de valores”, reclamou.
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que se solidarizava com a situação do Amazonas e que fez contato com o Ministério da Justiça para buscar soluções para a situação.
“Diante dos fatos lamentáveis, registro aqui minha solidariedade ao povo do estado e dizer que fiz contato com o ministro da Justiça para que as Forças Nacionais atuem. E eu tive a resposta na manhã de hoje de que a Força Nacional já está sendo mobilizada para essa incursão.”
• Agenda de depoimento dos governadores:
Questionado pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE) sobre quando os governadores serão ouvidos pela CPI, Aziz detalhou a agenda de depoimento das chefes dos Executivos estaduais.
Veja a previsão de depoimento dos governadores:
Junho:
- Dia 29: Helder Barbalho (Pará)
- Dia 30: Wellington Dias (Piauí)
Julho
- Dia 1.º – Ibaneis Rocha (Distrito Federal)
- Dia 2 – Mauro Carlesse (Tocantins)
- Dia 6 – Carlos Moisés (Santa Catarina)
- Dia 7 – Antonio Denarium (Roraima)
- Dia 8 – Waldez Góes (Amapá)
• Aziz diz que requerimentos devem ser votados na quarta ou quinta-feira
O presidente da CPI abriu a sessão nesta terça-feira informando que uma série de requerimentos previstos para serem votados hoje devem ser avaliados na quarta ou na quinta-feira, após discussão entre os membros da comissão.
Tratam-se de requerimentos para quebra de sigilos telefônicos e telemáticos de depoentes e de possíveis investigados pela comissão.
Entre os pedidos, estão os que envolvem o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ); os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores); o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten; o empresário Carlos Wizard; e o assessor da Presidência da República Filipe Martins.
Entenda a volta de Queiroga à CPI
Para senadores de oposição, a dispensa da médica da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 seria um indício da existência de um “gabinete paralelo”, um grupo de pessoas que daria orientações externas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e interferiria no Ministério da Saúde.
Por isso, parlamentares esperam que o ministro responda sobre a sua autonomia nesse retorno à CPI.
“Existe um gabinete negacionista, um grupo que continua impedindo que os melhores quadros da ciência brasileira possam contribuir no enfrentamento à pandemia”, afirmou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é autor de um dos requerimentos de convocação.
Já o senador Marcos Rogério (DEM-RO) vê um “ato político” na segunda convocação de Queiroga. “O que se vê são teorias. Todos ali conhecem como funciona a administração em relação a nomeações. O ato administrativo é discricionário. Não há nenhum elemento novo no sentido de condenar o governo”, ponderou.
Para o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), o episódio da Copa América seria mais um sinal da falta de autonomia do ministro da Saúde.
“Esse episódio da Copa América, em que ele se calou como Ministro da Saúde e preferiu ser ministro do silêncio, demonstrou, de uma outra forma, que a autonomia realmente não existe”, afirmou Renan, na semana passada.
O retorno de Queiroga à CPI, no entanto, já havia sido aprovado antes mesmo do anúncio da Copa América e do depoimento de Luana Araújo.
Para Humberto Costa (PT-PE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), autores de outros requerimentos, o primeiro depoimento de Marcelo Queiroga foi contraditório em questões como a promoção da cloroquina pelo governo e, por isso, eles esperam que o ministro ofereça novas explicações nesta terça.
Fonte: CNN BRASIL