O Ministério Público francês pediu, nesta quinta-feira (17), uma pena de um ano, incluindo seis meses de prisão em regime fechado, para o ex-presidente Nicolas Sarkozy. Ele é acusado de ter excedido o valor máximo de gastos autorizados durante a campanha eleitoral de 2012. Essa não é a primeira vez que o ex-chefe de Estado enfrenta a Justiça.
Apesar de sua defesa vigorosa, negando com veemência qualquer tipo de envolvimento nos gastos exagerados de sua campanha eleitoral de 2012, Nicolas Sarkozy não conseguiu se livrar do veredicto. Segundo os promotores encarregados do caso, o ex-chefe de Estado administrou com “total descuido” as finanças de uma campanha de “ouro maciço”, considerando que duplicou o limite legal de gastos.
Sarkozy, que está sendo julgado desde 20 de maio, é acusado de ter ultrapassado o limite de gastos em mais de € 20 milhões. A investigação revelou que o preço real dos 44 atos durante a corrida eleitoral foi drasticamente reduzido para não gerar suspeitas e que o restante foi pago pelo UMP, o partido de Sarkozy, como se fossem convenções organizadas pelas legenda. Além disso, 80% das faturas desapareceram.
Os investigadores não provaram que o ex-presidente “ordenou” ou que “participou” da fraude, ou sequer se foi informado do crime. Entretanto, é “inegável”, afirma o MP, que ele se beneficiou do esquema, o qual permitiu que dispusesse de “meios muito superiores aos autorizados pela lei”.
“Ele era presidente no momento dos fatos. É uma função que exige um comportamento irrepreensível”, declarou o procurador Nicolas Baïetto.
Acima da lei?
O caso ficou conhecido na França como “Bygmalion”, nome da agência que organizou os comícios do ex-presidente e que admitiu ter aceitado a instauração do sistema de faturas falsas.
Os promotores pediram uma pena de prisão de três anos e uma multa de € 50 mil para o ex-vice-diretor de campanha, Jérôme Lavrilleux, o único a ter reconhecido a fraude. Já contra os três ex-executivos da Bygmalion, foram solicitados dezoito meses de prisão com sursis.
O ex-presidente não compareceu à audiência desta quinta-feira. Ele foi criticado por isso, acusado de agir como se “não fosse um cidadão como os demais”, declarou a procuradora Vanessa Perrée. “Esse pouco caso em relação (aos outros réus) e ao tribunal é um reflexo do pouco caso que ele mostrou durante sua campanha”, completou.
Essa não é a primeira vez que Sarkozy enfrenta a Justiça francesa. No início de março, ele foi condenado a três anos de prisão, dois dos quais com sursis, por corrupção e tráfico de influência. Ele recorreu da sentença. Mas com o veredicto, tornou-se o primeiro ex-presidente, desde 1958, a ser condenado à prisão.
Fonte: MSN