Após muita insistência e quase sete horas de depoimento, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) confirmou que o nome citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre um suposto “rolo” na aquisição das vacinas Covaxin é o do líder do governo no Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
Com a voz embargada, Miranda diz que “todo mundo sabe que é Ricardo Barros”, o deputado citado por Bolsonaro como responsável pela situação com a Covaxin.
Em publicação nas redes sociais imediatamente após a menção, Barros se manifestou e negou qualquer relação com as negociações para a aquisição da vacina contra a Covid-19 da indiana Bharat Biotech.
“Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. ‘Não sou esse parlamentar citado’. A investigação provará isso”, escreveu o líder do governo em sua conta no Twitter.
Ricardo Barros também falou sobre a menção anterior ao seu nome na CPI. Ele foi citado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como autor da nomeação da servidora Regina Célia, apontada por Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado e servidor do Ministério da Saúde, como responsável pelos trâmites da Covaxin.
“Também não é verdade que eu tenha indicado a servidora Regina Célia como informou o senador Randolfe. Não tenho relação com esses fatos”, conclui Ricardo Barros, em sua conta no Twitter.
Antes de assumir o atual mandato como deputado federal, Barros foi ministro da Saúde, no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), quando essa nomeação supostamente teria sido feita por ele.
Emenda
Imediatamente após a menção, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pontuou que o deputado Ricardo Barros foi, segundo ele, autor de emenda que facilitou a importação da Covaxin para o Brasil.
“E eu queria aproveitar esse momento para cumprimentá-la [à senadora Simone Tebet] que o nome citado por Luís Miranda é o mesmo nome que apresentou uma emenda que autorizou a vinda da vacina indiana sem autorização da Anvisa”, afirmou o relator da CPI da Pandemia.
‘Deputado secreto’
Miranda vinha sendo questionado desde o início do depoimento a respeito de qual o parlamentar que o presidente da República teria associado a um “rolo” na negociação para a compra do imunizante contra a Covid-19. Ele chegou a dizer várias vezes que tinha “esquecido” ou que tinha tido um “lapso de memória”, mas revelou após ser intensamente interpelado.
O parlamentar foi interpelado pelo senador Alessandro Vieira (sem partido-SE), que disse que ele havia “faltado com a sua missão”. A resposta finalmente veio já na primeira pergunta da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que iniciou seu tempo de questionamento confrontando o deputado sobre o assunto.
Fonte: CNN BRASIL