Logo após a aprovação da transformação do Cruzeiro em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o presidente Sérgio Santos Rodrigues concedeu entrevista à Rádio Itatiaia para comentar sobre a importância do projeto e falar dos próximos passos. O mandatário revelou que, se for de interesse dos investidores que forem injetar dinheiro no clube, ele abre mão do controle do futebol para o grupo tocar a gestão esportiva.
Sérgio Rodrigues comemorou a aprovação da constituição da SAF por maioria maciça dos conselheiros.
“A gente já deu um passo à frente de superar essa aprovação do Conselho para mostrar aquilo que a gente sempre tem falado: a credibilidade. A gente se cercou das grandes empresas, agora dessa comissão formada por conselheiros empresários. Dando esse ok do Conselho, a gente mostra para torcida que o Conselho está pensando como a torcida. Esta não é a única, mas a mais rápida saída para o Cruzeiro. Acho que isso mostra que todo mundo está no mesmo caminho, isso é importante para mostrar aos investidores que eles podem vir, que ser bem recebidos, para a gente fazer o melhor para o Cruzeiro”, declarou.
O presidente celeste também comentou sobre os próximos passos e disse que o Cruzeiro larga na frente da maioria dos clubes brasileiros que desejam se tornar SAF.
“Nosso objetivo era ser a primeira SAF do Brasil. O presidente Bolsonaro sancionando, a gente quer registrar o Estatuto da SAF como a gente colocou aqui, com 100% das ações pertencentes ao Cruzeiro e já faz o ‘roadshow’ para negociar os 49%, que vai ser feito com base no ‘valuation’ que vamos divulgar e que será feito pela Alvarez & Marsal. Não é do dia para noite, mas acho que pelo fato de termos começado na frente estamos animados que conseguiremos trazer investidor quanto antes”, ressaltou.
A respeito do controle do futebol, Sérgio Rodrigues afirmou que o investidor que aceitar colocar dinheiro no Cruzeiro poderá assumir o controle do futebol, caso queira.
“Não tenho essa vaidade. Minha paixão é pelo Cruzeiro, quero que o Cruzeiro esteja bem. Se chegar um investidor e falar que vai resolver o problema do Cruzeiro, mas quer gestão do futebol, eu não vejo problema nenhum. Enquanto for o presidente, vou ser o representante de 51% dessa sociedade, mas a gente vai montar o Conselho de Administração, os critérios de governança. Vou estar sempre representando os interesses do Cruzeiro”, frisou.
“Alguns (investidores) que a gente conheceu lá fora disseram: ‘vocês conhecem a realidade local e nós queremos a cogestão’. Então, não sei qual o modelo que vai ser porque vai depender do investidor. Mas, da nossa parte, estamos 100% prontos para abrir mão de qualquer coisa de gestão, não queremos fazer questão, de ter controle. A gente quer o bem do Cruzeiro sobretudo”, completou.
Confira outros pontos da entrevista:
Vai ser um processo rápido? Já está engatilhado?
“Eu acho que a gente vai conseguir mais rápido do que os outros por já ter começado lá atrás. A não ser, claro, clubes como o Botafogo que já está olhando isso com os investidores dele mesmo que estão querendo colocar dinheiro no clube. Engatilhado é muito relativo. Você tem um engatilhado pronto pra dar o tiro e engatilhado começando. A gente já começou esse trabalho. Tanto que, quando eu fui a Dubai, em outubro do ano passado, eu já tinha esse objetivo também. Fiz reuniões iniciais, falo com grupos de lá ainda e fizemos outras reuniões. Talvez tenhamos que viajar de novo agora para isso. É o famoso ‘roadshow’ que toda empresa faz quando quer captar recursos. É o que a gente vai ter que fazer agora.”
Principais benefícios da SAF
“Desde a proibição de participação em direito econômico de atletas, o investidor não tem como colocar (dinheiro) de forma segura no clube. O que pode se fazer é um mútuo, que muita gente faz, mas que não dá garantia ao investidor de uma forma geral. A partir do momento que você faz isso (SAF), o investidor compra parte de uma empresa. O ‘valuation’ é baseado nisso, quanto ela projeta ganhar, quanto eu vou projetar ganhar. Aí pega os últimos anos quanto que vendeu o sócio-torcedor, direito de TV… com base nisso que se faz um ‘valuation’ hoje. Aí o investidor entra no negócio.”
“É a melhor forma, talvez, que a gente tem uma forte colocação de recurso na proporção que o Cruzeiro precisa. O nosso grande problema foi esse, foi ter diversas dívidas vencidas de curto prazo. Tanto que eu cito as dificuldades que nós passamos quando eu assumi o clube de pagar quase R$ 40 milhões na Fifa. Hoje, tem R$ 15 milhões vencidos (na Fifa). Ano que vem, vou ter a (dívida) do Rodriguinho de praticamente R$ 40 milhões vencendo. Como que eu vou colocar esse dinheiro pra dentro? Não consigo pôr só com patrocínio. Então, eu acho que essa é a grande vantagem, fazer com que o investidor que vem enxergue que, no longo prazo, o investimento é bom, coloque esse dinheiro pra ajudar a gente a superar esse momento agora. Obviamente, invista no time também pra gente voltar a crescer, mas de forma sólida e sustentável, sem fazer as loucuras que foram feitas antes para ganhar título.”
Fonte: Itatiaia