A Cúpula do Clima deste ano começou há poucos dias, mas já trouxe novidades. A mais recente é a volta dos Estados Unidos à High Ambition Coalition, grupo informal da ONU que fez da meta de 1,5 grau elemento chave do Acordo de Paris. Agora, essa coligação quer garantir que a COP26 não seja em vão e que os participantes tomem medidas reais e concretas para conter as alterações climáticas.
“A High Ambition Coalition foi instrumental ao assegurar que a elevada ambição dos 1,5 grau integraria o Acordo de Paris, e será agora instrumental em Glasgow [onde decorre a Cimeira do Clima], ao assegurar que será cumprida”, declarou um membro do governo norte-americano.
Aquela que pode ser traduzida por “Coligação da Elevada Ambição” é constituída por mais de 60 países desenvolvidos e em desenvolvimento, comprometidos a introduzir metas ambiciosas para combater as alterações climáticas.
O regresso dos Estados Unidos a esta coligação pode tornar mais viável o objetivo de limitar o aumento das temperaturas a 1,5 grau centígrados.
Esta terça-feira (2/11), durante os trabalhos da COP26 em Glasgow (Escócia), a High Ambition Coalition irá apelar aos governos para que aumentem os seus esforços de redução das emissões de gases poluentes e da utilização de carvão, de modo a que o objetivo de 1,5 grau possa ser atingido.
A coligação irá também pedir aos países mais ricos que dupliquem o financiamento climático atualmente dado aos países pobres, para que estes consigam adaptar-se aos efeitos das alterações do clima.
O terceiro grande objetivo deste grupo informal é o fim do financiamento à área dos combustíveis fósseis.
John Kerry, enviado-especial dos EUA para o clima, tinha dito no início deste ano que o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aumento das temperaturas a 1,5 graus teve por base “o trabalho árduo da High Ambition Coalition e dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento”. Em conjunto, “sentiram que esse objetivo era imperativo – e graças a Deus que o sentiram”, uma vez que a ciência veio comprová-lo, declarou.
O presidente norte-americano, Joe Biden, junta-se assim aos países da União Europeia num acordo internacional para controlar as emissões de gases poluentes, especialmente o metano.
O último estudo da ONU sobre essa matéria revelou que as emissões de gases de efeitos de estufa tinham atingido novos recordes. O metano – gás 80 vezes mais poluente do que o dióxido de carbono – tinha aumentado 262% acima dos níveis pré-industriais.
Receios pelo futuro
“A High Ambition Coalition estabeleceu o padrão para o que precisa acontecer nesta cimeira”, disse nesta terça-feira Tina Stege, enviada especial da ONU para o clima nas Ilhas Marshall, passando a enumerar as três metas do grupo para a COP26.
“Começar a limitar o aumento de temperaturas a 1,5 grau através de ações reais e concretas, como a eliminação gradual do carvão; levar a cabo uma mudança radical na adaptação [dos países mais pobres], com pelo menos o dobro do financiamento atual; e assegurarmo-nos de que temos todos os recursos necessários para enfrentar esta crise, incluindo as perdas e danos que já experienciamos hoje”.
Uma das nações-membros da coligação revelou ao Guardian (diário britânico) que o receio de que a meta de 1,5 grau esteja em risco serviu de motivação para o reaparecimento do grupo informal. “Estamos extremamente preocupados com os 1.5. É por isso que estamos a apelar a formas de manter essa meta alcançável”, declarou.
A High Ambition Coalition foi formada em 2014 pelo negociador-chefe para as Ilhas Marshall, com o objetivo de assegurar o Acordo de Paris, assinado um ano depois.
O objetivo que quer agora fazer cumprir, de limitar a 1,5 grau o aumento das temperaturas, requer cortes de pelo menos 45 por cento nas emissões de gases poluentes até 2030, em comparação com os níveis de 2010.
De acordo com os cientistas, se essa meta não for atingida, alguns dos impactos das alterações climáticas, como o degelo, tornar-se-ão irreversíveis. Muitas pequenas ilhas correm mesmo o risco de inundação devido ao aumento do nível do mar.
A COP26 teve início no domingo (31/10) e os trabalhos terminarão a 12 de novembro. Participam líderes e representantes de cerca de 200 nações.
*Por Agência Brasil