O deputado Bernardo Mucida convidou representantes da mineradora Vale para pedir explicações sobre o Projeto Apolo, que prevê a extração de 14 milhões de toneladas de minério de ferro por ano nos municípios de Caeté e Santa Bárbara, na região central de Minas. A audiência aconteceu nesta terça-feira (23/11), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com a finalidade de analisar os impactos que a mineração trará para a região.
A preocupação do deputado Mucida é com as questões ambientais e socioeconômicas provocadas pelo projeto Apolo. “Reconheço a importância da mineração no estado e sei que estes municípios dependem deste setor. Porém, estou preocupado com a vida das pessoas que vivem no local, a geração de emprego e comprometimento do abastecimento hídrico dos municípios e Região Metropolitana de Belo Horizonte”, explicou Bernardo Mucida.
De acordo com o gerente de Licenciamento Ambiental da Vale, Rodrigo Amaral, após reformulação, o atual projeto deve ser implantado a partir de 2024, não fazendo uso de barragens de rejeito e reduzindo a emissão de carbono e de 95% do consumo de água, além de movimentar a economia da região. “O empreendimento deve gerar cerca de 2.600 empregos temporários no pico das obras. Na fase de operação, serão cerca de 2.800 vagas de trabalho, movimentando cerca de R$138 milhões em massa salarial anualmente, além de uma adição de R$151 milhões em impostos por ano”, relatou Amaral.
Abastecimento hídrico
O Projeto Apolo está próximo ao Parque Nacional da Serra da Gandarela, que possui fauna e flora não existentes em outras regiões. Além da rica geodiversidade, é na Gandarela onde se encontram nascentes de mananciais que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte. O deputado questionou o impacto concreto na segurança hídrica. “Temos que preservar os mananciais de água para não repetir o que acontece em Itabira, que teve o lençol freático rebaixado e trouxe águas barrentas para os itabiranos”, alertou o deputado, garantindo que, enquanto estiver na Assembleia, será um defensor das águas.
A segurança hídrica é uma pauta recorrente do deputado. Na última quinta-feira (18), ele votou contra o Projeto de Lei 3.300/21, na Comissão de Desenvolvimento Econômico, que altera os limites do Monumento Natural Estadual Serra da Moeda e pode permitir a exploração de mineradoras no topo da serra. O projeto também pode comprometer o abastecimento de água de toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Comprometimento com as estradas
Quem trafega diariamente pela BR-381 e as estradas da região de Caeté sabe como estão esburacadas e prejudicadas com o alto fluxo de veículos. “Estou pedindo o compromisso da Vale com a questão logística e que o impacto seja recompensado, com contrapartidas justas e obras estruturantes que deixem um legado. Quero deixar claro a necessidade de mitigar os efeitos no transporte”, ressaltou Mucida.
Formação de mão de obra local
De acordo com o deputado, a Vale precisa apresentar soluções de formação de mão de obra local para evitar a vinda de profissionais de outras regiões e o impacto populacional. “Vocês devem focar na qualificação dos moradores, garantindo emprego e renda daqueles que moram nas cidades mineradoras”, afirmou Bernardo.
“Minha preocupação com este projeto vem da minha história em Itabira. Minha cidade não teve a oportunidade de aprender com os erros de outras cidades mineradoras, como Caeté e Santa Bárbara estão tendo hoje. Não queremos que aconteça nessas cidades o que aconteceu com Itabira. A Vale tem o direito de rever os erros do passado, principalmente após as tragédias de Brumadinho e Mariana. Estamos vivendo uma nova economia mundial e a mineração não pode ficar omissa ao meio ambiente, é possível unir geração de emprego e renda e sustentabilidade”, destaca Mucida.
Fonte: ACOM-DEPUTADO BERNARDO MUCIDA