A defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos de 58 anos, conhecido como Bola, deve impetrar na Justiça, durante os próximos dias, um pedido de reconsideração na revogação da prisão domiciliar de Bola. Conforme a Itatiaia antecipou em primeira mão, nessa terça-feira (23) uma decisão judicial determinou que o sentenciado voltasse à prisão em regime semiaberto. O mandado foi cumprido por militares do 36º batalhão nesta quarta-feira (23), em Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte.
Bola foi condenado a 22 anos de prisão por envolvimento na morte da modelo Eliza Samudio, em 2010, ex-mulher do goleiro Bruno. Ele também foi sentenciado a 16 anos de prisão pelo assassinato do motorista Devanir Claudiano Alves, em 2009, no bairro Juliana, na região Norte de Belo Horizonte. Um comerciante foi apontado como mandante do crime.
A prisão domiciliar de Bola foi revogada pela Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte. De acordo com o documento, a decisão do juiz Marcelo Augusto Lucas Pereira atendeu a pedido do Ministério Público, que alegou o descarregamento da tornozeleira eletrônica usada por Bola, além dele sair constantemente do perímetro permitido, já que ele cumpria domiciliar, mas era monitorado e tinha que cumprir imposições. Os relatos foram apresentados em relatório de monitoração emitido pela Unidade Gestora, que identificou “violações das condições fixadas, consistentes em violação de perímetro e descarga total de bateria”.
O Ministério Público (MPMG) pediu então a ordem de prisão e uma audiência de justificativa com o sentenciado e os advogados. Sobre a violação da carga da bateria, O MP pediu o fim da prisão domiciliar por entender que houve alteração do panorama da pandemia, que registrou quedas nos índices nos últimos meses.
O ex-policial foi encaminhado para a Casa de Custódia do Policial Civil, que fica no bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte, onde cumprirá a pena no regime semiaberto. Bola estava em prisão domiciliar desde agosto de 2019. No ano passado a decisão foi mantida após a recomendação 62, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para evitar contaminações em massa da Covid-19 no sistema prisional e socioeducativo.
O advogado de defesa de Bola, Fabiano Lopes, explica que esse mandado de prisão é referente justamente a condenação pela morte Eliza Samudio.
“Primeiro momento todo mundo achando que poderia ser processo um novo ou um mandado de prisão diferente dos outros processos que o Marcos já responde. Mas não, o Ministério Público intentou por revogar a domiciliar do Marcos Aparecido, foi indeferido num primeiro momento pelo juiz da execução, o Ministério Público recorreu, foi ao TJ, também não houve êxito no TJ. Ministério Público seguiu recorrendo e essa matéria está sendo discutida no STJ, mas ainda sem resposta. No entendimento da defesa do Marcos Aparecido, usando de vias não adequadas o Ministério Público intentou novamente na primeira instância só que dessa vez o juiz da execução deferiu esse pedido de revogação da domiciliar do Marcos Aparecido. Agora o Marcos retorna ao seu regime que é o semiaberto, ele vem fazendo tudo conforme determinação legal. Iremos também tentar agora para uma reconsideração de um novo pedido de domiciliar do Marcos Aparecido e vamos aguardar o que determina aí o juiz da execução penal”, explicou.
Após preso pelos militares na manhã desta quarta-feira (24), Bola foi levado para a Delegacia de Plantão da Polícia Civil, em Vespasiano. Ao sair da delegacia com destino a casa de custódia, Bola conversou com a reportagem da Itatiaia. O ex-policial se defendeu e disse ser uma “pessoa do bem”.
“Estou cumprindo a minha prisão trabalhando já tem dois anos e quatro meses que eu estou na rua. Eu trabalho e estudo, estou aí aguardando resolver essa situação. Sou uma pessoa do bem e sempre serei, estou aqui para fazer o que a justiça determina, estou fazendo direito no quinto período e hoje eu trabalho, eu sou microempresário”, afirmou.
Questionado sobre sua sentença no caso Eliza Samudio, Bola afirmou que todas as acusações contra ele são uma “inverdade” e que logo elas serão descobertas. “É eu tenho um Deus lá em cima, que eu sirvo, que conhece tudo e que justifica. Pode ver que isso tudo é uma inverdade que já tem onze anos. Pode perguntar, fazer uma investigação novamente com serenidade, e verá que tudo foi uma inverdade. Eu estou com uma revisão criminal que está prestes a ser feito, então eu prefiro aguardar. Eu não cometi nada. Já estou estudando Direito para isso: para mim tentar fazer a diferença, porque o direito no papel é muito bonito”, garantiu.
O ex-policial contou ainda que está escrevendo um livro onde estariam “as verdades que não foram contadas”. “Na melhor hora vai sair. As verdades que não foram faladas. Verdades de tudo, de hoje, de ontem e de tudo está lá no livro que está no meu processo também. Eu sou uma pessoa de paz, transpiro a paz”, finalizou.
Fonte: Rádio Itatiaia