O banco de perfis genéticos do laboratório de DNA do Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais tem ganhado cada vez mais corpo e já é o segundo maior do Brasil, perdendo apenas para o de São Paulo.
Só em 2021 foram aproximadamente 10 mil novas amostras coletadas e processadas pela instituição, superando a meta de 5 mil amostras estabelecida pela Secretaria Nacional de Segurança Pública vinculada ao Ministério da Justiça. Essas amostras foram coletadas de pessoas condenadas por crimes sexuais e contra a vida e que também podem estar envolvidas em outros delitos que ainda carecem de uma solução. Esse material genético também é coletado em locais onde os criminosos deixaram vestígios, como um fio de cabelo, um pedaço de unha ou uma gota de sangue.
Quem explica sobre o assunto é o perito da Polícia Civil Giovanni Vidal. “A função da perícia criminal é dar a autoria dos crimes, então muitas vezes um indivíduo comete um crime grave e deixam material genético no local do crime ou mesmo corpo da vítima que a gente processa no nosso laboratório obtém ali o que a gente chama de perfil genético, que é uma sequência numérica que identifica as pessoas geneticamente, e colocamos em um banco de dados. Mas, se você não tem como exames de nenhum exame comparativo, se você não tem amostra de indivíduos, você não consegue falar de quem que é aquele perfil genético. A partir do momento que a gente coleta amostra de condenados por crimes graves e a gente coloca o perfil genético desses condenados no banco a gente consegue fazer ali um processo comparativo e definir a autoria desses clientes que estavam ali e que a gente não sabia quem tinha cometido.”
O perito ressalta que as amostras servem não só para identificar culpados, mas também para inocentar pessoas que são acusadas injustamente. “Às vezes as pessoas estão sendo acusadas injustamente de ter cometido um crime, mas não cometeram, então a gente mostra ‘o DNA que estava no corpo daquela vítima de violência sexual não é desse indivíduo que está sendo imputado a ele uma culpa. Ele na verdade não cometeu esse crime, não deixou o material genético dele no corpo da vítima’. Então a gente consegue, além de apontar a autoria, também inocentar pessoas.”
Segundo o governo federal, desde 2013 ano, em que o Banco Genético Nacional foi desenvolvido com o apoio de um software fornecido pelo FBI por meio de uma parceria com o governo dos Estados Unidos, esses dados coletados já ajudaram a resolver mais de 3 mil investigações criminais do país.
O perito Giovanni Vidal explica que a tecnologia envolvida no banco de perfis genéticos também contribui para identificar pessoas desaparecidas, como as vítimas da barragem em Brumadinho, que se rompeu em janeiro de 2019, matando 272 pessoas. “Esse ocorrido em Brumadinho a gente utilizou o banco para poder identificar, então aproximadamente 50 pessoas identificadas exclusivamente pelo DNA foram identificadas dentro do banco, claro que foram feitas muito mais identificações, mas que não foram exclusivamente pelo DNA. Nós temos mais de mil exames genéticos aqui no laboratório para Brumadinho. Também nós tivemos em 2021 uma campanha de identificação de pessoas desaparecidas. A ciência pode estar do lado como ferramenta para a segurança pública, para trazer esse retorno para sociedade.”
Fonte: Rádio Itatiaia