Moradoras da ZAS da Barragem Sul Superior, em Barão de Cocais, estão transformando seus saberes técnicos e vocações em negócios com potencial de se destacarem no mercado e gerar renda. O grupo tem recebido o apoio do Projeto de Desenvolvimento Territorial e Transformação Social – Barão de Cocais, uma iniciativa da Vale em parceria com a Raízes Desenvolvimento Sustentável, que atua para fortalecer o empreendedorismo feminino e a equidade de gênero através da economia criativa.
Iniciado em novembro de 2021, o projeto integra as ações do Plano de Compensação e Reparação da Vale para Barão de Cocais e responde a uma demanda da própria população por ações de apoio ao empreendedorismo e geração de renda. Para sua implementação, foi realizado um mapeamento ativo envolvendo representantes de cerca de 150 famílias da ZAS. O estudo identificou potenciais empreendedoras e levantou a oferta de demandas e possibilidades de capital humano existentes. “Ao conversar diretamente com as famílias, identificamos habilidades e talentos com potencial empreendedor. Oito mulheres se interessaram pela iniciativa e atualmente estão sendo apoiadas na formatação e viabilização de seus negócios”, explica a coordenadora do projeto na gerência de Fomento Econômico da Vale, Tania Mara Oliveira.
Almira do Carmo é uma delas. Ex-moradora da comunidade da Vila do Gongo, aprendeu crochê e ponto cruz ainda na adolescência. Desde então, cria almofadas, colchas, caminhos de mesa e outras peças por hobby e também por encomenda. Com a mãe doente e a necessidade de passar mais tempo em casa, decidiu montar um ateliê na casa que construiu com os recursos da indenização. Ela conta que o convite para participar do projeto veio no momento certo. “Já há alguns anos pensava em profissionalizar meu negócio. Agora, com o meu novo espaço de trabalho e com o suporte que estou recebendo, quero me dedicar de verdade ao artesanato. Em um ano, espero que meu ateliê esteja funcionando a todo vapor”, diz.
Desde março, Almira e outras sete empreendedoras participam das etapas de mentoria e incubação. Até setembro, elas receberão assessoria técnica individual e coletiva em diferentes frentes de negócio, como economia criativa, identidade e cultura na gastronomia, tradição e inovação, produção sustentável, economia colaborativa, acesso ao mercado e comunicação digital. “Além de receber apoio de uma equipe especializada, os negócios incubados contarão com um capital semente para a compra de equipamentos e materiais, ou para suprir outras necessidades.”
Aparecida Paula e sua sócia Daiane querem utilizar a verba na reforma do restaurante que estão montando no centro de Barão de Cocais. As duas se conheceram no restaurante da mãe de Aparecida, que funcionava na comunidade de Socorro, antes das evacuações preventivas. Recentemente, decidiram se juntar para produzir e vender ovos de Páscoa. A parceria funcionou tão bem que elas resolveram continuar. “Nós vendemos mais de 50 ovos em menos de um mês”, lembra. Agora, fornecem marmitas para uma empresa que atua na região. “Entregamos cerca de 15 unidades por dia. Quando o restaurante ficar pronto, teremos um espaço para receber os clientes. Sempre tive vontade de continuar o que aprendi com a minha mãe”, afirma.
Fortalecimento institucional e produção rural participativa
Além de apoiar o empreendedorismo feminino, o Projeto de Desenvolvimento Territorial e Transformação Social atua para o fortalecimento da governança local. Por meio de mentorias, a Associação Comunitária de Socorro, Tabuleiro e Piteira recebe suporte para alcançar sua autonomia e construir, de forma participativa, um plano de atividades de interesse coletivo. Em uma terceira frente de atuação, quatro produtores rurais contam com assistência técnica para a retomada produtiva. Os encontros têm como foco o planejamento das propriedades rurais sob a ótica da agroecologia e da sustentabilidade. São abordados temas como técnicas de cultivo e manejo, inovação, comercialização e marketing.