O delegado Rafael Lopes Azevedo, que chefia a Delegacia Especializada em Investigação e Repressão ao Furto, Roubo e Desvio de Carga é considerado foragido. Ele teve o pedido de prisão preventiva aceita pela Justiça de Belo Horizonte nesta terça-feira (28) junto a outros quatro investigadores e um escrivão da Polícia Civil.
Ao menos três servidores da PC deram entrada no sistema prisional hoje. Questionada, a Polícia Civil não manifestou posicionamento sobre o caso. A reportagem tenta contato com Azevedo.
A Itatiaia teve acesso à decisão judicial, que se baseou em uma investigação conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO). Os policiais são acusados de integrar uma organização criminosa junto a empresários, responsáveis pela lavagem de dinheiro da quadrilha.
A Justiça também determinou que os servidores sejam afastados de suas funções públicas, que suas contas bancárias sejam bloqueadas, veículos apreendidos e imóveis sequestrados.
Soltura de preso por tráfico
O esquema foi descoberto depois que o telefone de um advogado foi apreendido em meio a uma operação de busca e apreensão. Segundo a investigação, ele foi acionado por um homem para intermediar a soltura de um terceiro, preso em flagrante por tráfico de drogas com 30 kg de entorpecentes. O preço pela “intermediação” seria o pagamento de R$ 600 mil em propina a policiais civis, entre eles, Rafael Lopes Azevedo.
De acordo com as investigações, o homem, identificado apenas pelo primeiro nome “Emerson” foi solto após uma série de irregularidades na condução do processo por parte de Azevedo, como erros na lavratura do auto de prisão em flagrante, o fato de o caso não ter sido levado ao Denarc, além de o material encaminhado para a perícia “divergir” do que foi apreendido no local do crime.
“Tudo isso, devo destacar, revela certa negligência na atividade de Delegado de Polícia que preside inquérito policial, indo ao encontro de tudo o que foi até apurado pela FICCO no sentido de oferecimento de vantagem aos policiais”, diz trecho da decisão judicial.
“A ORCRIM [organização criminosa] ainda contaria com o auxilio de terceiros e empresas para ocultar os proveitos da corrupção, valendo-se das sociedades empresárias” para beneficiar Rafael Lopes de Azevedo, conforme a Ficco-MG.
Ainda de acordo com a Justiça, Rafael também prestaria uma espécie de “consultoria” a aliados e se escondeu na casa de outro investigado para se livrar de uma operação na qual era alvo de ação cautelar.
Bens, imóveis e veículos
Em decisão, a Justiça de Belo Horizonte também determinou o sequestro de 33 imóveis e veículos que estariam em nome de 16 pessoas e sete empresas.
“Os imóveis informados pela Autoridade Policial foram levantados ao longo da cautelar e trazem fortes indícios de que foram adquiridos com fruto do tráfico, até porque os investigados não possuem atividades licitas ou, se possuem, são incompatíveis com a aquisição desses bens”, diz trecho da decisão.
Fonte: Rádio Itatiaia