O delegado Rafael Horácio, lotado no Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), confessou ter matado o motorista Anderson Melo, mas não ficou preso. A informação foi confirmada pela Polícia Civil no começo da tarde desta quarta-feira (27), quase 24 horas após o crime.
O motorista, de 44 anos, dirigia um caminhão reboque e se envolveu em uma briga de trânsito com o delegado na tarde dessa terça-feira (26), na região do Complexo da Lagoinha. Rafael Horácio alegou legítima defesa.
“Durante suas declarações, o delegado, acompanhado por seu advogado, narrou sua versão sobre os fatos e alegou ter agido em legítima defesa. Após oitiva das testemunhas, realizada análise técnica-jurídica dos fatos, a autoridade policial responsável pelo inquérito liberou o autor, com fundamento na apresentação espontânea e em seus pressupostos. Não houve elementos jurídicos para a prisão do delegado autor do fato”, diz trecho da nota oficial divulgada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (27).
O texto garante ainda que o caso será apurado e o inquérito concluído em 30 dias. “Todas diligências investigativas possíveis serão realizadas, como depoimentos de outras testemunhas, análise de laudos periciais, arrecadação de imagens de câmeras de vigilâncias, etc., tudo para que se chegue ao esclarecimento completo de todas as circunstâncias do crime, de maneira a proporcionar ao Ministério Público e ao Poder Judiciário os elementos necessários ao processo criminal. Além disso, foi instaurado procedimento disciplinar para apuração rigorosa acerca da responsabilidade administrativa existente.
Versão contestada
A versão de legítima defesa é contestada por familiares e amigos de Anderson, que deixou duas filhas. Por enquanto, a família dele não quer se pronunciar. Uma vizinha do Anderson relatou que ele era uma “pessoa muito educada, muito respeitoso e tranquilo. A gente nunca teve nada que reclamar dele. Sempre tranquilo, muito tranquilo mesmo.”
Entenda
Uma testemunha informou à Itatiaia que viu os dois motoristas, um em um caminhão reboque e outro em um carro de passeio, discutindo enquanto trafegavam pelo complexo da Lagoinha, no sentido região oeste de BH. Ainda segundo essa testemunha, o caminhão reboque arrastou o carro de passeio e em seguida, houve o disparo.
O delegado envolvido na ocorrência disse à Itatiaia que seguia para o Fórum de BH, junto de um investigador, em uma viatura descaracterizada, no momento em que foi fechado pelo motorista do reboque. Em seguida houve uma discussão entre eles e o caminhão bateu na traseira da viatura. O delegado afirma que saiu do carro, anunciou que era policial, quando o motorista do reboque acelerou para atingir novamente o carro e, neste momento, o delegado afirma que atirou para se defender, já que ele estava entre o carro e a mureta da avenida do contorno. O tiro atravessou o para brisa, acertando o pescoço do motorista.
Confira a íntegra da nota oficial:
Sobre os fatos ocorridos na tarde de ontem (26/7), no centro de Belo Horizonte, relacionado a um conflito no trânsito com morte de um motorista de caminhão devido a disparo de arma de fogo efetuado por um delegado de polícia, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) esclarece que a Corregedoria adotou medidas imediatas para a apuração sobre os fatos.
Conforme noticiado ontem, logo após o ocorrido, o delegado de polícia se apresentou espontaneamente às autoridades, confessando ser o autor do disparo, e teve a arma de fogo apreendida.
Durante suas declarações, o delegado, acompanhado por seu advogado, narrou sua versão sobre os fatos e alegou ter agido em legítima defesa.
Após oitiva das testemunhas, realizada análise técnica-jurídica dos fatos, a autoridade policial responsável pelo inquérito liberou o autor, com fundamento na apresentação espontânea e em seus pressupostos. Não houve elementos jurídicos para a prisão do delegado autor do fato.
A PCMG esclarece que no curso do Inquérito todas diligências investigativas possíveis serão realizadas, como depoimentos de outras testemunhas, análise de laudos periciais, arrecadação de imagens de câmeras de vigilâncias, etc., tudo para que se chegue ao esclarecimento completo de todas as circunstâncias do crime, de maneira a proporcionar ao Ministério Público e ao Poder Judiciário os elementos necessários ao processo criminal. Além disso, foi instaurado procedimento disciplinar para apuração rigorosa acerca da responsabilidade administrativa existente.
A PCMG e, especialmente, a Corregedoria-Geral asseguram que o inquérito policial será concluído no prazo legal de 30 dias, com impessoalidade, imparcialidade e transparência, repudiando atitudes violentas, insensatas e incivilizadas de quaisquer pessoas, especialmente de seus servidores.
Fonte: Rádio Itatiaia