A mãe do bebê de 1 ano e seis meses, que foi diagnosticado como caso suspeito de varíola dos macacos, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, relata a O TEMPO os desafios e a apreensão vividos na busca pelo diagnóstico da criança.
De acordo com ela, que pediu para não ser identificada, a primeira médica que atendeu o menino, no último domingo (31), mostrou desconhecimento sobre a enfermidade e os protocolos necessários para lidar com a doença.
“O meu filho estava com manchas vermelhas no rosto e apenas uma bolha na mão. Assim que a médica o viu, ela tirou uma foto da mãozinha dele, saiu da sala, procurou outro médico e voltou dizendo que a suspeita era de varíola dos macacos. Ela disse que era para o bebê ficar isolado por 21 dias, mas que meu marido e eu poderíamos trabalhar normalmente. Depois nos levaram para uma salinha no hospital, isolaram o lugar, coletaram sangue e não me falaram sobre quando eu teria os resultados”, afirma a mulher, que ainda alega que não foi passada nenhuma orientação sobre como tratar o bebê dali para a frente. Os exames de sangue foram feitos para descartar outras enfermidades.
Diante do que a mãe considerou como informações e tratatamento inconsistentes, ela conta que resolveu levar o bebê para outro hospital, em Belo Horizonte. Lá, segundo ela, a médica examinou a criança e afirmou que ela não estava contaminada com a varíola dos macacos, já que não apresentava outros sintomas, como febre ou abatimento que demonstrasse dores. “A médica afirmou que, provavelmente, meu filho havia sido picado por inseto e tido uma reação alérgica”, diz.
A mulher conta que a médica receitou um antialérgico, e o bebê já começou a melhorar. Segundo ela, o sentimento de apreensão diante de tudo o que ela teve que passar diante da imprecisão no atendimento é enorme.
“Eu fiquei preocupada imaginando que poderia ser varíola dos macacos. Mas se não fosse? Se fosse algo mais grave? A primeira médica que o atendeu e falou que o caso era suspeito não passou medicamento, nenhum cuidado, orientação. Ela apenas disse que não se sabe como a doença funciona direito e que não há muito recursos contra a enfermidade. Eu perguntei o que poderia acontecer com meu filho e ela não soube responder”, lamenta.
O que diz a Secretaria Municipal de Contagem
A Secretaria Municipal de Saúde de Contagem afirma que a coleta de amostras para comprovar ou descartar se o bebê foi infectado pela varíola dos macacos foi marcada para esta terça-feira (2), mas a mãe afirmou que não procederia com a investigação. Leia a explicação completa da pasta.
“A coleta das amostras para investigação laboratorial da criança estava agendada para esta terça-feira (2/8), portanto, a equipe do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde – CIEVS Contagem – responsável pelo procedimento – foi informada pela Unidade Básica de Saúde – UBS de referência que a mãe procurou pelo serviço informando que não procederia com a investigação (coleta), alegando que levou o menino no pronto atendimento em Belo Horizonte e o médico deu outro diagnóstico. Sendo assim a coleta não foi realizada. O CIEVS tentou contato com a mãe da criança na tentativa de orientar a importância da coleta, porém sem sucesso. A SMS está monitorando o caso. A UBS de referência fará uma busca ativa na residência para poder prosseguir no atendimento ao paciente, conforme decisão da família”
Varíola dos macacos em Minas
Minas Gerais tem 74 casos de varíola dos macacos confirmados até o momento. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, todos os casos confirmados são do sexo masculino, com idades entre 21 e 55 anos, em boas condições clínicas.
Fonte: O Tempo