Produto é vendido ilegalmente no país e atrai, principalmente, crianças e adolescentes, que acabam viciando em nicotina.
O Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, suspendeu a venda de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) – os conhecidos vapes – de 32 empresas. A comercialização, distribuição e propaganda do produto são proibidas no país.
As empresas deverão suspender o comércio e fornecimento dos produtos em até 48 horas, cabendo multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento.
“Por fim, remetam-se os autos à Coordenação-Geral de Consultoria Técnica e Sanções Administrativas, para que intime as empresas interessadas da decisão e desmembre o feito, devendo abrir um procedimento específico para cada empresa, com o prosseguimento das providências cabíveis”, conclui.
Eles têm formatos de itens de material escolar, como canetas, pen drives e corretivos, e são vendidos como inofensivos. No entanto, contêm nicotina e diversas outras substâncias cancerígenas, em quantidades maiores que um cigarro “comum”. Para órgãos de saúde, a estratégia da indústria tem dado certo, já que o uso de cigarros eletrônicos por adolescentes aumentou no país, conforme estudo da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A médica Liz Almeida, responsável pela Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) do Instituto Nacional de Câncer (INCA), explica que a maioria das pessoas que aderiu ao cigarro eletrônico nunca tinha fumado. “Particularmente crianças e adolescentes. E esse é o grande estrago do produto: em todo o mundo, quem mais está usando são pessoas que nunca tinham colocado um cigarro na boca”, destaca.
Cigarro eletrônico provoca crise de abstinência
“O cigarro eletrônico é uma alternativa prática, fácil e moderna para você que deseja largar o cigarro tradicional”. A mensagem faz parte do anúncio de um site que comercializa cigarros eletrônicos – que tem a venda proibida no país. No entanto, o dado é desmentido pela médica do INCA, que explica que os efeitos são totalmente opostos ao anunciado. “Uma coisa que se observou nos países, onde esse produto foi liberado, é que a síndrome de abstinência ao cigarro eletrônico é mais severa do que a síndrome de abstinência ao cigarro comum”, afirma.
Segundo ela, além de não ser seguro, estudos apontam que eles não se tornaram substitutos do cigarro comum de uma forma mais saudável. “Os fumantes passaram a utilizar os dois: o cigarro comum em ambientes abertos e os cigarros eletrônicos em ambientes fechados, porque alguns modelos menores não fazem tanta fumaça, não têm o cheiro do cigarro comum e passam despercebidos”, explica.
Tratamentos pelo SUS
Frederico Garcia explica que a melhor forma de parar de fumar é procurando profissionais capacitados em centros de saúde ou serviços especializados, como é realizado no Hospital das Clínicas. “No caso do tabagismo, nós temos tratamentos que foram muito bem avaliados, que são eficazes, que são seguros e que trazem um benefício muito maior do que a substituição de um produto fumígeno por outros”.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Secretaria Municipal de Saúde, explicou que os 152 Centros de Saúde da capital possuem tratamento pelo Programa de Controle do Tabagismo, com oferta, inclusive, de medicamentos. Para receber o tratamento, é necessário procurar o Centro de Saúde da região e participar das reuniões.
“O tratamento começa com palestra sobre o programa e segue com avaliação clínica, além de sessões de terapia individuais ou em grupo. Nas sessões em grupo, a abordagem intensiva é realizada em grupos de 10 a 15 participantes, coordenados por profissionais de saúde de nível superior. São quatro sessões semanais durante o primeiro mês, seguidas de duas sessões quinzenais e uma sessão mensal do terceiro ao sexto mês. Em casos específicos, o tratamento pode ser realizado com a abordagem individual”, destacou a pasta em nota.
De janeiro a agosto deste ano, 1.374 pessoas participaram do Programa de Controle do Tabagismo nos Centros de Saúde da capital.