Evento faz parte das ações do Setembro Amarelo.
Na tarde desta terça-feira (13/09), a Prefeitura de Itabira, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), promoveu, no Centro Cultural, o “Encontro de Redes: seja a atitude que o outro precisa” para discutir ações conjuntas de trabalho no sentido de conscientizar sobre a prevenção do suicídio com foco na saúde mental de crianças e adolescentes em menção ao “Setembro Amarelo”. Participaram mais de 300 convidados entre profissionais de saúde, educação, membros do Conselho Municipal de Saúde, do Centro de Valorização da Vida (CVV) e imprensa.
A mesa de debates foi composta pelo psiquiatra Cássio Hermes de Andrade, a psicóloga Dirley Lellis dos Santos Farias, além da coordenadora do CVV-Itabira, Rafaela Maia; Geovana Maria Gomes, médica de família da Unidade Básica de Saúde (UBS) Campestre e Jacira Helena Silva, diretora de Saúde Mental da Prefeitura.
Dirley Farias comentou sobre as dificuldades, o medo e o preconceito que o assunto suicídio causa, e que mais do que tudo, é preciso falar sobre ele para entender e preveni-lo. “Precisamos observar sempre nossas crianças e adolescentes, acompanhando seu desenvolvimento na escola, sua interação com a família e na sociedade. Casos de depressão, fobias, uso de substâncias tóxicas, tristeza e agitação são reações que merecem escuta e um olhar diferenciado”, observou a psicóloga.
“Hoje temos uma rede de atenção que nos favorece, que nos ajuda a evitar muitos casos, e que conduz muito bem o tratamento em saúde mental. Temos que dar fala aos pacientes e gerar neles sentimentos de vínculo, confiança e acolhimento. Precisamos de um trabalho intersetorial, envolvendo toda a comunidade no entorno desses pacientes, para um projeto terapêutico de resultados, construindo dia a dia um espaço que envolva profissionais de saúde, pais, professores, igreja, justiça, assistência social, esporte, lazer, cultura e outros na construção de uma rede de cuidados forte e multifacetada”, aconselhou Dirley Farias.
O psiquiatra Cássio Andrade discutiu sobre os fatores de risco gerados pelos transtornos mentais que levam a mutilações e suicídios e também alertou sobre a necessidade de aproximação e cuidados que devemos ter com nossos jovens. “Existem sinais de alerta evidentes que devem ser considerados e que de maneira alguma podem ser ignorados. “Muita tristeza, apatia, muita euforia, raiva frequente, dor que não passa, desejo de morrer, culpa e vergonha, entre outros distúrbios de comportamento, são sinais que devem ser estudados e que podem necessitar de tratamento imediato” explicou.
“O ser humano carece de aceitação, de amigos, de família que o ame e o acolha, de religiosidade, de hábitos saudáveis de vida, de participação social, de companhia, enfim. Somos seres sociais em busca de qualidade de vida. Os adolescentes são instáveis até os 21 anos e metade dos problemas de saúde mental se manifestam antes do 14 anos. Daí, a necessidade de sempre observar para acolher e detectar precocemente o possível transtorno deste filho, aluno, colega ou amigo. Precisamos nos alfabetizar em saúde mental, as imagens negativas, os estigmas, os recursos limitados e a falta de conscientização sobre o problema são as principais barreiras que encontramos na busca de ajuda e intervenções eficazes”, analisou Cássio Andrade.
Jacira Silva falou sobre a constituição da rede de saúde mental de Itabira e sobre as perspectivas de trabalho que tem em relação à construção de uma rede robusta que atue em comunhão com a sociedade. “Juntos seremos mais forte e mais resolutivos”, acrescentou. Já a coordenadora do CVV, Rafaela Maia, convidou os participantes da reunião para atuarem como voluntários e se juntarem ao trabalho do Centro de Valorização da Vida desenvolvido hoje em todo o país. “Somos pessoas dispostas a ouvir e esta atitude tem salvado muitas vidas”, acrescentou.
Para a médica Geovana Gomes, a causa dos transtornos mentais não é só biológica, exigindo o uso de medicamentos, terapias e internações e outras intervenções. “A doença envolve muitos fatores causais, que devem ser criteriosamente estudados, e o tratamento se inicia com o acolhimento e uma escuta minuciosa, cuidadosa e atenta dos familiares e dos profissionais de saúde”.