O presidente Jair Bolsonaro falou pela primeira vez com apoiadores desde a derrota nas eleições em um encontro improvisado.
Jair Bolsonaro (PL) quebrou o silencio e falou, pela primeira vez desde a derrota nas Eleições de 2022, com seus eleitores, nesta sexta-feira (9/12). Em frente ao Palácio da Alvorada, em um encontro improvisado, o presidente disse que foi até lá ouvir os apoiadores e que não saiu antes porque seria “deturpado”.
“Vocês me conheceram, nós despertamos o patriotismo no Brasil, o povo voltou a admirar sua bandeira, o povo voltou a acreditar que o Brasil tem jeito, não é fácil você enfrentar todo um sistema, a missão de cada um de nós aqui não é criticar, é unir, muitas vezes vocês têm informações que não procedem, pelo cansaço, pela angústia, pelo momento, passam a criticar”, disse no início do discurso.
Silêncio de 40 dias
Esta foi a primeira vez que Bolsonaro falou a apoiadores – antes, ele discursou por apenas dois minutos à imprensa dias após o resultado das eleições. Apesar de ter se mantido em silêncio no período, o presidente declarou que o pronunciamento não se tratava de “quebrar o silêncio”.
Forças Armadas
Em meio de gritos de apoio, Bolsonaro também citou as Forças Armadas que, segundo ele, são “essenciais” e o “último obstáculo para o socialismo”. Nos últimos dois meses, alguns apoiadores de Bolsonaro têm acampado em frente aos quartéis pedindo por intervenção militar. Apesar disso, Bolsonaro não mencionou apoio a este movimento.
Apoio aos eleitores
Durante o discurso, o atual presidente Jair Bolsonaro também elogiou os apoiadores que têm saído às ruas para pedir pela permanência dele. Apesar disso, não citou se apoia ou não o movimento. “Aconteceu algo que a gente não esperava em condições normais, nunca vi no mundo o povo ir à rua para o presidente ficar, eu só vi ao longo de 67 anos o povo ir às ruas para tirar presidente, eu nunca vi para ficar. Eu perguntava: o poder emana do povo? Depende de quem o povo escolher para representar; se o poder emanasse do povo e somente do povo, Cuba não seria uma ditadura, Venezuela não seria uma ditadura, vimos isso acontecendo em outros países. Nunca saí das quatro linhas da constituição e acredito que a vitória será também desta maneira; dou a minha vida pela minha pátria”.
“Vamos acreditar, vamos nos unir, criticar só quando tiver certeza absoluta, buscar alternativas e cada um ver o que pode de fato fazer pela pátria […] Vamos fazer a coisa certa, diferentemente de outras pessoas, vamos vencer. Vocês são cidadãos de verdade, e parou de ser tratado como outra coisa, nós vamos vencer. Não vou falar do outro lado político, mas qual o futuro do Brasil? Por que chegamos a esse ponto? Demoramos a acordar? Nunca é tarde”.
Religião
Com uma corrida eleitoral marcada pelo discurso religioso, Jair Bolsonaro não deixou de citar a religião e sua relação com Deus ao falar com os apoiadores. O atual presidente se disse triste com o resultado e afirmou que muitas vezes questiona se questiona sobre o que teria feito para ser obrigado a “passar por isso”.
Ao falar em “missão de Deus”, Bolsonaro também relembrou a facada que recebeu em 2018, durante a corrida presidencial, em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, e falou dos empecilhos sofridos durante seu governo.
“Nós somos um amontoado de moléculas e temos alma, temos sentimento, estamos aqui por algo divino, estamos sendo provados aqui na Terra, e esse mundo de provação não é fácil. Estou a praticamente 40 dias calado, dói na alma, sempre fui uma pessoa feliz no meio de vocês, mesmo arriscando minha vida, como arrisquei em Juiz de Fora em setembro de 2018. Se a facada tivesse sido fatal, vocês sabem onde nós estaríamos durante a pandemia, seguramos muita coisa, nos sacrificamos, raramente é um momento de alegria”.