A onda de valorização de carros novos e usados durante a pandemia de Covid-19 e a alta inflação que castiga o país desde o ano passado trouxeram a reboque o encarecimento dos seguros de automóveis. Para manter o patrimônio protegido, os motoristas estão precisando enfiar a mão no bolso e desfalcar as contas. Em Minas Gerais, por exemplo, o aumento neste ano foi de 70% para homens e 81% para as mulheres, bem acima do nacional, que ficou em 40% e 45%, respectivamente.
Esse índice, segundo levantamento da Minuto Seguros, empresa no segmento de seguros on-line e uma das principais corretoras do país, foi calculado com base no valor cobrado para o modelo novo do HB20 Sense 1.0 em janeiro e outubro deste ano. O carro aparece, em todos os meses, entre os cinco mais vendidos no Brasil.
No caso das mulheres, os valores são bem maiores: passou de R$ 2.334,17 em janeiro para R$ 4.233,27 em outubro. O mesmo comportamento se repete na média nacional, que saltou de R$ 2.211,83 em janeiro para R$ 3.118,35 em outubro. O valor nacional leva em conta pesquisa feita em 11 capitais.
O vice-presidente e diretor técnico da Minuto Seguros, Manes Erlichman, explica que as pesquisas mensais mostram que essa tendência de alta chegou a um limite. “Os preços devem dar um alívio nos próximos meses. Não existe previsão de uma grande queda, pois o preço dos veículos continua elevado. Porém, o consumidor não terá grandes surpresas e aumentos inesperados no próximo ano”, avalia.
Erlichman lembra que o preço dos seguros chegou a cair em 2020, no início da pandemia, em função da diminuição das atividades econômicas. “Mas, num segundo momento, o preço dos carros subiu – por problemas na cadeia produtiva -, as pessoas voltaram a circular, os índices de roubos voltaram a subir e, consequentemente, os preços aumentaram”, afirma.
A valorização dos seminovos e usados também foi algo que surpreendeu, destaca o executivo, puxada pela falta de veículos novos. “As pessoas estavam acostumadas à queda anual no preço dos seguros. A tendência anual é que o veículo se desvalorize ano a ano e puxe o seguro para baixo. Mas o que nós vimos neste ano foi uma valorização dos usados, o que puxou o preço dos seguros para cima”, destaca.
Outro fator foi o custo das peças, pressionadas pela inflação e falta de insumos. “Por isso, quando a seguradora tinha que pagar o conserto ou repor um veículo ao cliente, tinha que pagar o preço atual. Elas começaram a ter resultados piores e tiveram que repassar estes custos aos clientes”, afirma.
Motorista leva susto
Nesse cenário, fazer o seguro do carro que comprou neste ano deixou o chargista Edson dos Reis Evangelista Junior “abismado”. Em 2020, ele tinha um Sandero, 1.6, ano de fabricação 2014, cujo seguro custava R$ 1.200. Em 2022 ele comprou um Palio, 1.0, ano 2010 e quase caiu para trás ao verificar o valor da proteção. “Para fazer o seguro completo, ficaria em R$ 3.400. Não deu, fiz o básico, com proteção para terceiros, guincho e roubo, que ficou em R$ 2.300”, conta.
E se para os motoristas pagar pela proteção tem significado aperto, para as corretoras o serviço é sinal de lucro. A Porto Seguro, por exemplo, divulgou balanço em que comemora aumento de 33,6% nas receitas do terceiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. Essa divisão da empresa responde pelos produtos e serviços de seguros, e o resultado foi impulsionado principalmente pelos seguros de automóveis,empresarial e vida.
Segundo a empresa, é o segundo trimestre consecutivo com bom resultado, explicado principalmente pela redução da sinistralidade do seguro Auto, que ainda segue acima dos objetivos da companhia, mas apresenta melhora gradativa em decorrência dos ajustes que a empresa tem efetuado no quesito precificação.