Servidores comissionados do governo Zema temem mais uma vez serem exonerados no início do novo mandato do governador. Nos bastidores, a informação que circula é que quase todos os cargos comissionados serão exonerados a partir do dia 2 de janeiro. O objetivo é mapear os cargos indicados por políticos opositores ao governo. Devem se safar das exonerações apenas os secretários e servidores que trabalham em serviços essenciais.
Em 2019, durante o seu primeiro mandato, Romeu Zema (Novo) publicou um decreto um dia após a posse exonerando quase 6 mil servidores de diversas secretarias. Na ocasião, algumas áreas foram poupadas como segurança pública, saúde e os diretores de escolas.
A expectativa, segundo fontes ouvidas pela reportagem, é que com a “exoneração em massa” haja a mudança de nomes em alguns cargos. “A conversa é que vai acontecer a exoneração de todo mundo, mas a maioria deve ser convocada depois. Mas o clima é de tensão, porque se demorar a convocar, a gente perde as férias que já estavam marcadas, a ajuda de alimentação. Estamos todos apreensivos”, informou uma servidora que não quis se identificar. “Da outra vez até fez sentido, porque era um governo novo. Agora, não entendo o motivo de se fazer esse terrorismo”, acrescentou um outro servidor.
O governo não confirma as exonerações, mas alguns servidores já foram orientados por seus superiores a deixarem o currículo atualizado para que a convocação aconteça mais rapidamente.
O diretor político do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Minas Gerais (Sindpúblicos), Geraldo Henrique, considera a medida como algo normal, uma vez que os servidores comissionados são cargos de confiança. “Acredito que a maioria deve voltar, essas exonerações é algo que normalmente acontece em vários governos. O governador foi reeleito, ele pode querer realizar mudança de alguns cargos por diversos motivos, inclusive, querer trocar pessoas que não apoia-o politicamente”, avaliou.
O governo de Minas foi procurado para comentar a suposta medida, mas não respondeu.
Mudanças
A possível exoneração dos servidores comissionados não deve ser a primeira mudança do novo mandato de Romeu Zema. Nessa sexta-feira (30), a dois dias do atual vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant (PSDB), deixar o cargo, o governador mudou as regras para a cessão de policiais militares para fazer a segurança de ex-governadores e ex-vice-governadores. O regramento era o mesmo pelo menos desde 2007, na gestão Aécio Neves (PSDB).
Na prática, Zema reduziu de quatro anos para um ano após o fim do mandato o período automático a que Brant terá direito aos seguranças e a um veículo oficial do Estado, o que foi visto como mais uma retaliação do Partido Novo ao atual vice-governador.
O rompimento entre os dois lados chegou ao ápice durante a última campanha eleitoral. Em agosto, Zema exonerou 23 dos 26 servidores do gabinete de Paulo Brant.
Zema não mudou as regras nem mesmo para um de seus principais desafetos, o ex-governador Fernando Pimentel (PT). Após deixar o governo ao final de 2018, o petista teve direito à segurança feita pelos policiais ao longo dos últimos quatro anos da administração do Partido Novo, sem a necessidade de prorrogações aprovadas por Zema.
Fonte: O Tempo