Pauta fundamental no segundo mandato Romeu Zema (Novo), a geração de emprego e renda receberá, apenas, R$ 20 milhões dos R$ 109,6 bilhões aprovados para despesas em aportes diretos em 2023, conforme a Lei Orçamentária Anual. O valor será focado especialmente em apoio a pessoas em vulnerabilidade social. Em 2022, o valor despendido fora de R$ 12,4 milhões. E, no ano anterior, de cerca de R$ 9 milhões.
Em contrapartida, a política principal do governo, assim como na última gestão, será de atração de investimentos privados para movimentar a economia e honrar a promessa de emprego e renda aos mineiros. Nos próximos quatro anos, a previsão é de que R$ 300 bilhões passem a circular no Estado como consequência de medidas de atração de investimentos, valor que supera os R$ 274 bilhões angariados no primeiro mandato do governador.
A perspectiva foi confirmada pela secretária de estado-adjunta de Desenvolvimento Econômico, Kathleen Garcia. Segundo ela, a forma como geração de renda e emprego ocorrerá será a partir da atração de “novas empresas e negócios que geram empregos”.
“[A política acontecerá] criando-se um ambiente de negócios positivo para que as empresas que já estejam em Minas cresçam e contratem mais gente. Nossa estratégia de desenvolvimento econômico estará estruturada em torno de oportunidades de mercado com maior potencial para aceleração de investimentos, geração de empregos e progresso tecnológico, social e ambiental em Minas Gerais. Vamos buscar combinar a visão do mercado com a realidade das múltiplas regiões de Minas”, pontua.
João Paulo Braga, diretor presidente do Invest Minas, estima que grandes projetos privados em energia, agronegócio, logística e manufatura sejam trazidos ao Estado. Há desejo de viabilizar projetos de tecnologia e desenvolvimento nos próximos anos. “Quebramos recordes históricos e geramos um saldo positivo de mais de 620 mil empregos com carteira assinada (admissões menos demissões) e atingimos uma taxa de desemprego de 6,3% (nos últimos quatro anos, foram geradas 626 mil vagas com carteira assinada, segundo dados do Caged)”, afirma.
“Nos próximos 4 anos de governo, temos como meta do desenvolvimento econômico atrair R$300 bilhões de investimentos. Destaca-se ainda que a consolidação dos investimentos atraídos, tornando-os realidade na medida em que entram em efetiva operação passa a ser tão importante quanto atrair novos investimentos e o monitoramento igualmente relevante”, acrescenta.
Braga cita “recuperação das rodovias” e continuidade de investimentos em “infraestrutura energética” feitos pela Cemig e “maturação dos novos projetos em ferrovias” como objetivos da atração de investimentos. Kathleen completa as projeções com “aumento da segurança jurídica” de negócios no Estado e “alinhamento dos preceitos de liberdade econômica”.
“Vamos aprofundar a agenda de desburocratização e a melhoria do ambiente regulatório, para permitir aos empreendedores se preocuparem mais com melhorar seus negócios. Tivemos grandes avanços com o programa Minas Livre para Crescer e precisamos agora ser mais ousados e cortar mais fundo em legislações que tornam a jornada dos empreendedores mais complicada”, conclui a secretária-adjunta.
‘O Estado deveria ser mais atuante’
“Mais do mesmo vai deixar tudo no mais do mesmo. Ao que parece, é o que o governo está fazendo. O Estado deveria ser mais atuante [na geração de emprego] e não ter muitas orientações orçamentárias nesse sentido me preocupa bastante”, argumenta o professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mário Rodarte. O economista defende que as políticas do governo de Romeu Zema estão aquém do esperado para o Executivo.
“Estamos longe do que poderíamos ter em emprego de qualidade, e o poder público deveria ser chamado a participar dessa pauta, seja em políticas de realocação para desempregados, seja para fomento do emprego. Indica, ainda, falta de uma política industrial de Estado, o que não tem resultado positivo”, completa.
Trilhas de Futuro é aposta
Formação profissional, cuja principal ferramenta é o programa “Trilhas de Futuro”, parceria do governo do Estado com entidades privadas para oferta de cursos profissionalizantes. O projeto, que desde a concepção recebeu R$ 528 milhões em investimento, objetiva qualificar mão de obra para atender empresas atraídas pelo governo. Até 2022, o Trilhas de Futuro disponibilizou 115 mil vagas gratuitas em cursos técnicos em 123 municípios. Em 2023, a expectativa é de que sejam ofertadas 40 mil vagas e haja R$ 1 bilhão investido pelo Estado.
Programas da Sedese somam R$ 20 milhões em investimento
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) prevê R$ 20 milhões em investimento para projetos de geração de emprego e renda a populações vulneráveis em 2023. Devem ser beneficiados 5 mil pessoas em pobreza ou extrema pobreza. Conforme o governo, o principal projeto é de assessoramento técnico a 1,2 mil catadores, que deve receber R$ 2 milhões em aportes.
“Há ainda a previsão de realização de 15 Feiras Regionais de Economia Popular Solidária e uma Feira Estadual, em 15 regiões diferentes, contemplando todos os Fóruns de Economia Solidária, além da aquisição de 450 kits barracas que vão ajudar a fomentar a economia solidária no Estado. A Sedese vai dar continuidade aos projetos Trajeto Renda, com objetivo de atender 3 mil pessoas com apoio aos pequenos produtores das mais diversas áreas para inclusão produtiva. Já o Trajeto Moda, voltado principalmente para o público feminino, tem previsão de beneficiar cerca de 300 famílias. Ambos estão inseridos no programa Percursos Gerais”, diz nota à reportagem.
*Por O Tempo