Após a declaração de Ronaldo, dizendo que o Cruzeiro não joga mais no Mineirão em 2023, o diretor da Minas Arena, Samuel Lloyd, concedeu uma entrevista exclusiva à Itatiaia e abordou pontos importantes sobre a relação do estádio com o o clube celeste. O gestor também explicou como é o contrato de concessão com o Estado de Minais Gerais.
DECLARAÇÃO RONALDO
Samuel Lloyd: Eu recebi com muita surpresa a declaração de rompimento de relação. A gente não tinha noção que estava nesse nível de tensão. Ainda estávamos em um processo de mandar propostas e tentar propostas novas. Pelo que eu entendi, há uma decisão de jogar no Independência neste ano. Espero que seja apenas neste ano ou que ainda seja reversível. Eu não consigo ver o Mineirão sem jogos de futebol. Nosso papel e nossa prioridade é essa.
RELAÇÃO CRUZEIRO E CONDIÇÕES
SL: Com a SAF, a gente sempre fala olhando para o futuro. A gente tem dois modelos. Um é aquele estabelecido pelo contrato de PPP, em que a concessionária vende as áreas vips e camarote e os clubes vendem 54 mil cadeiras. O outro modelo foi uma escolha dos clubes, que é os clubes também venderem as áreas vips e a Minas Arena teria como remuneração 15% da bilheteria. Isso é uma forma de ter uma receita compartilhada e o clube ter a oportunidade de vender para o sócio que paga mais caro, um lugar mais nobre. A gente tem flexibilidade e é necessário construir uma relação para chegarmos a um bom termo. Obviamente, com um contrato de prazo maior, outras propriedades podem ser compartilhadas, mas com o contrato anual essa é a melhor forma que temos no momento.
DÍVIDA CRUZEIRO MINAS ARENA
SL: A dívida é um imbróglio jurídico. Temos a Lei da SAF que entrou no meio do caminho. Ela se refere a um acordo judicial que não foi cumprido pelo Cruzeiro associação. Agora está em recuperação judicial e a estimativa é que a dívida esteja em R$ 30 milhões, mas acredito que é possível chegar a um acordo
A dívida não atrapalha. Inclusive, o contrato do ano passado não fala de recuperação judicial.
CONTRATO GOVERNO
SL: Esse é um grande mito (prejuízo será coberto pelo Estado). O que a gente tem é um valor estabelecido na origem para que o Mineirão fosse reformado para a Copa do Mundo. Essa obra foi feita com o dinheiro do sócio privado, do consórcio da Minas Arena. Depois que o Mineirão estava completamente pronto e funcionando, o Estado passa a pagar as prestações que vão ressarcir o sócio privado desse investimento feito em um patrimônio público. O que a gente gasta por ano, tem que ser sustentado pelas nossas próprias operações.
Ele é pago anualmente. A cada três meses tem uma medição e as parcelas são pagas.
PREOCUPA SE O CRUZEIRO SAIR?
SL: Claro que é (preocupante). Como eu disse, a prioridade é do futebol no contrato e também no nosso faturamento. O Mineirão está todo estruturado para receber jogos de futebol. Os eventos são complementos dessa capacidade ociosa. Se eu tenho 60 jogos, ainda tenho 300 dias no ano para ocupar com outras coisas.
Certamente vamos ter que repensar todo o negócio e reestruturar o Mineirão para que ele tenha captação em outras atividades.
ESTADO VAI ENTRAR NA DISCUSSÃO?
SL: Eu acredito é uma relação que tem que ser resolvida entre duas empresas privadas: a SAF do Cruzeiro e a Minas Arena. O Governo cumpre seu papel com um papel com o contrato de concessão, Com a fala do Ronaldo, dizendo que o Estado tem que resolver, eu fico entendendo que ele espera uma mediação do Estado.
É um contrato de concessão, que vai até 2037. O contrato de concessão não tem uma multa, mas existe uma regra de indenização para o parceiro privado. Isso ainda não aconteceu no Brasil. É comum em outros países, que nacionalizam a empresa privado. O que acontece é quando a empresa privada não quer mais sustentar a operação e devolve a operação. No próprio Independência aconteceu.
PRIORIDADE É FUTEBOL?
SL:A nossa prioridade, nosso papel, nosso compromisso social com o torcedor mineiro, que o Mineirão continue sendo o palco do futebol.
Fonte: Rádio Itatiaia