A ativista e estililsta Vana Lopes, primeira vítima a denunciar o médico Roger Abdelmassih, morreu neste sábado (28) aos 64 anos em decorrência de complicações provocadas por um câncer de mama. Ela morreu em casa, em São Paulo, pondo fim à luta que travava contra um câncer de mama , há quatro anos. Lopes disse no ano passado que iria se despedir da vida sabendo que o ex-médico pagou pelo que fez. “Ele é o que é: um nada.”
Ela fundou o Grupo Vítimas Unidas pouco tempo depois de prestar queixa à polícia sobre os abusos que sofreu em 1993 em uma clínica particular em São Paulo. A partir daí, a ativista reuniu denúncias de várias outras mulheres que também foram abusadas pelo ex-médico, além de acolher centenas de casos de todos os tipos de crimes hediondos, dando suporte às vítimas.
“Foi a partir da denúncia dela contra o Roger que a palavra da mulher ganhou importância porque não havia provas concretas, mas havia um conjunto de mulheres que contavam a mesma história. O Brasil fica menor se a gente não souber honrar o legado dela”, disse Maria do Carmo, presidente do Vítimas Unidas. Em 2015 Lopes lançou o livro “Bem-vindo ao Inferno”, no qual conta a sua história. A obra deve virar um filme.
A estilista Vanuzia Lopes tinha 33 anos quando decidiu recorrer aos serviços prestados pela renomada clínica de Abdelmassih. Na época, Vana, como é conhecida, administrava duas empresas, viajava o mundo e, então decidiu junto com o marido, que era hora de ter um filho. Com dificuldade para engravidar, procurou o especialista. Vana foi sedada e estuprada. Acordou com o médico em cima dela. Em função da violência, ela contraiu uma bactéria que lhe causou uma grave infecção e a fez perder vários órgãos. Sua vida desmoronou. Ela caiu em grave depressão e chegou a tentar o suicídio. Reencontrou forças ao se agarrar ao desejo de fazer justiça e não sossegou enquanto não viu seu algoz atrás das grades.
Abdelmassih chegou a ser um dos médicos mais famosos em fertilidade e inseminação do país. Em junho de 2099, ele foi indiciado por estupro e atentado violento ao pudor contra 39 pacientes, e condenado a 278 anos de reclusão – a sentença foi reduzida a 173 anos.
*Da Redação Itatiaia