Na primeira gestão do governo Zema, aportes superaram em 83% a meta de R$ 150 bi; Estado quer garantir pleno emprego com geração de 150 mil vagas com carteira assinada neste ano.
Minas Gerais estabeleceu meta ousada para atração de novos negócios para o Estado e geração de empregos para as famílias nos próximos quatro anos. Segundo a Invest Minas, agência de atração de investimento ligada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), nesta gestão do governador Romeu Zema, a expectativa é garantir um aporte de R$ 300 bilhões de empreendimentos que queiram implantar unidades no Estado ou que desejam expandir a atuação no mercado mineiro.
No ano passado, o Estado fechou com R$ 274,4 bilhões em investimentos formalizados, 83% a mais que a meta de R$ 150 bilhões traçada no início da primeira gestão Zema, o que contribuiu para garantir 630 mil empregos com carteira assinada de janeiro de 2019 a novembro de 2022, segundo dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged), do então Ministério do Trabalho e Previdência.
“Temos dois grandes desafios agora. O primeiro, consolidar esses investimentos atraídos nos últimos quatros anos. Desses R$ 274 bilhões, 60% já estão em plena implantação. O restante está em fase de licenciamento ambiental e até buscando financiamentos para o projeto. Mas a notícia é boa, a média internacional dessa conversão é de 50%. Estamos acima da melhor prática global. O segundo desafio, é buscar mais. A gente tem que plantar todo dia para colher lá na frente. Estabelecemos essa meta muito ousada em termos de atração de investimentos, que é de R$ 300 bilhões”, conta João Paulo Braga, diretor-presidente da Invest Minas.
Em relação ao mercado de trabalho, Minas quer fechar 2023 com uma economia em pleno emprego. “Nós temos a ambição de chegar nos 5% de desemprego, que seria aí um nível considerado de pleno emprego, refletindo um pouco do discurso do governador, que é o sonho dele de garantir um emprego digno para cada mineiro”. Para isso, a expectativa é assegurar a geração neste ano de pelo menos 150 mil empregos com carteira assinada.
A taxa de desemprego hoje em Minas Gerais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 6,3% referente ao terceiro trimestre de 2022, o que representa 722 mil pessoas sem ocupação. Na economia considerada em pleno emprego, a taxa de desocupação normalmente fica entre 3% e 5% da População Economicamente Ativa (PEA) e os trabalhadores conseguem ingressar ou voltar ao mercado de trabalho com mais agilidade e em um menor tempo possível.
Investimentos
Minas está conseguindo fechar janeiro com dois grandes projetos que vão ser implantados no estado. A Midea, multinacional chinesa fabricantes de produtos da linha branca, conseguiu o licenciamento para a instalação em Pouso Alegre, no Sul de Minas. Serão investidos, inicialmente, R$ 575 milhões, com a geração de 500 empregos diretos. Na quinta-feira (26/1), a Heineken recebeu também do Comitê de Política Ambiental (Copam) a licença para implantação em Passos, município localizado também na região Sul de Minas. Os aportes são de R$ 2,4 bilhões e geração de 350 empregos diretos.
“Nós já temos uma fábrica de refrigeradores em Extrema, Sul de Minas, que á a Panasonic. Agora, com essa fábrica da Midea, a gente cria uma dinâmica de desenvolvimento da cadeia do setor de linha branca ali na região. Fechamos janeiro, dentre muitos projetos, com esses dois, de alto poder transformador sendo licenciados, para começar efetivamente a serem implantados”, explica João Paulo.
Neste mês, houve também o anúncio de investimento da Usiminas, com aporte de R$ 3,6 bilhões em Ipatinga, no Vale do Aço. Desse montante, R$ 2,7 bilhões serão destinados à reforma do alto-forno 3 (iniciada em 2019), com a geração de 8 mil empregos temporários, e o restante na recuperação e reforma das caldeiras 2 e 3.
A Fulwood S.A. também inicia neste ano em Minas a construção de pelo menos dois novos condomínios logísticos, com investimentos de R$ 355 milhões nas cidades de Betim, na Grande BH, e em Extrema, no Sul de Minas. A empresa estima a geração de 2,5 a 3 mil empregos diretos para os mineiros quando essas estruturas já estiverem em operação.
O diretor presidente da Invest Minas lembra ainda que representantes da Vallourec, em reunião com o governo neste mês, sinalizaram mais investimentos que serão realizados no estado.
Desburocratização e ambiente propício
João Paulo lembra que o grande trabalho do Governo de Minas nos últimos quatro anos foi de desburocratizar o ambiente de negócios e recuperar a confiança e a credibilidade do Estado, especialmente entre as empresas.
“Eu brinco que ninguém coloca o dinheiro naquilo que não confia, naquilo que não acredita. Esse trabalho envolveu tanto cumprir a palavra de pagar em dia, pagar as prefeituras em dia, como desburocratizar e simplificar o ambiente de negócios. Hoje, no Brasil inteiro as empresas já veem Minas Gerais com esse perfil. Nossa fama está se espalhando e isso contribui para que mais empresas olhem para Minas Gerais”, enfatiza, lembrando que hoje muitas empresas têm buscado conferir porque a concorrente veio para o estado.
Perfil de negócios
Na primeira gestão do Governo Zema, a Invest Minas trabalhou com três grandes blocos de investimentos: mineração, energia renovável e “outros investimentos” (destaques para o e-commerce, fármacos e logística) em diversos setores. No entanto, o diretor-presidente da Invest Minas avalia que o que vai pautar o capital privado tanto no mundo quanto no Estado nos próximos dez anos são as questões ligadas à sustentabilidade e à redução dos impactos climáticos. “Independentemente do segmento, os investimentos que vão acontecer na próxima década vão estar ligados a isso. Para se ter uma ideia, recentemente a Nestlè anunciou aporte de R$ 2 bilhões em Minas para produzir capsulas de café, que são de papel, portanto biodegradáveis”.
No ano passado, o governador Romeu Zema formalizou a adesão de Minas à campanha Race do Zero que busca zerar as emissões de Carbono até 2050A meta deve ser alcançada por meio da intensificação de ações de descarbonização, da atração de investimentos para negócios sustentáveis e para a criação de empregos verdes.
“É um desafio para a gente. Por que quais são os tipos de investimentos, tanto de empresas existentes no Estado quanto de novas que vierem para Minas, que temos que buscar para essa meta de neutralidade? O setor siderúrgico, por exemplo, é muito importante para o nosso Estado. Você tem um grande esforço desse segmento de, cada vez mais, usar fontes renováveis de energia, como a madeira de carvão vegetal, de floresta plantada. E Minas tem potencial muito forte nesse segmento. Porque se você olhar o setor siderúrgico na China, na própria Europa, está produzindo com carvão mineral. E aqui a gente já tem a competitividade do nosso produto, de ser um produto verde”, lembra.
Segmento hoteleiro
A Invest Minas, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), tem investido também na atração de negócios que garantam uma boa infraestrutura no setor de Turismo (parques, hotéis etc.). “O fluxo de turistas aumentou significativamente e, muitas vezes, falta infraestrutura. No ano passado, foram R$ 580 milhões em empreendimentos atraídos para Minas Gerais, além de importantes anúncios, como a intenção do grupo hoteleiro Vila Galé, que pretende construir duas unidades em Minas”.
João Paulo conta que, no município de Cássia, no Sul de Minas, onde no ano passado foi entregue um santuário com capacidade para 7 mil pessoas, erguido em área de 180 mil metros quadrados, há prospecções avançadas para a instalação de hotéis com toda infraestrutura.
“Temos empresa já olhando terreno. É uma das parcerias que a gente fez com a prefeitura para prospectar esse tipo de investimento. Temos trabalhado com outras prefeituras também. Recentemente, Poços de Caldas lançou edital de concessão dos equipamentos turísticos e fizemos vários roadshows para mostrar para o mercado aquela oportunidade. Posteriormente, fizeram o leilão e foi bem-sucedido, tendo garantido um investidor privado para gerenciar o turismo”.
Novos voos
Ainda dentro das ações de fomento a novos negócios, na última quinta-feira (26/1) o governador Romeu Zema lançou uma política para impulsionar conexões aéreas regionais, nacionais e internacional, por meio do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. Durante o evento, assinou decreto que estabelece o abatimento tributário para a querosene de aeronaves, o que será fundamental para ampliar o ambiente de negócios e do turimo no estado.
A Azul Linhas Aéreas é a primeira companhia a aderir à nova política estadual. Com isso, passará a fazer voos diretos para duas cidades do estado americano da Flórida: três voos por semana de Confins para Fort Lauderdale, a partir de junho, e dois voos por semana para Orlando, a partir de setembro.
A Azul também se tornará a primeira companhia aérea brasileira a ter um voo direto para a ilha caribenha de Curaçao, também a partir de junho.