Expectativa é que o complexo seja concluído em maio de 2024. Trabalho vai ajudar a combater a transmissão de dengue, zika, chikungunya.
O Governo de Minas anunciou, nesta segunda-feira (27/3), que as obras da Biofábrica Wolbachia começarão na segunda quinzena de abril. A novidade foi apresentada em reunião realizada na Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), durante exposição da situação das arboviroses em Minas Gerais ao governador Romeu Zema.
A construção da unidade para controle de arboviroses – como zika, dengue e chikungunya – está prevista no Acordo Judicial firmado pelo poder público com a Vale, em razão dos danos provocados pelo rompimento da barragem na Mina do Córrego Feijão, em Brumadinho, 2019. A tragédia tirou 272 vidas e gerou série de impactos sociais, ambientais e econômicos na bacia do Rio Paraopeba e em todo o Estado de Minas Gerais.
“Com a biofábrica, poderemos ter uma redução expressiva no número de casos”, pontuou o governador. “Provavelmente, este será o último ano aqui em Minas sem que tenhamos essa arma potente pronta para utilizar”, enfatizou o governador, tendo em vista que a expectativa é que a construção seja concluída em maio de 2024.
O governador também ressaltou gravidade do elevado número de casos no estado e da necessidade de cada um fazer sua parte, ao vigiar os possíveis focos de Aedes aegypti nas próprias casas e permitir a entrada dos agentes de saúde, por exemplo.
“Lembro que o ciclo de incidência elevada não ocorre geralmente em anos consecutivos, mas a cada três, quatro anos. Então, em caso de uma nova fase de alta – se é que viremos a ter -, teremos tempo para nos precaver. Com a fábrica a pleno vapor, milhões de mosquitos serão produzidos e soltos no estado, ajudando a conter o avanço da transmissão”, completou.
Instalação e atividade
A biofábrica será instalada em um terreno do Governo do Estado localizado no bairro Gameleira, região Oeste de Belo Horizonte, com um valor de construção de mais de R$ 20 milhões.
Em um primeiro momento, atenderá 22 municípios da Bacia do Rio Paraopeba em um primeiro momento (Betim, Brumadinho, Cachoeira da Prata, Caetanópolis, Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Fortuna de Minas, Ibirité, Igarapé, Juatuba, Maravilhas, Mário Campos, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba, Pequi, Pompéu, São Joaquim de Bicas, São José da Varginha e Três Marias).
Posteriormente, no entanto, segundo o secretário de Estado de Saúde, o médico Fábio Baccheretti, o objetivo será estender a tecnologia para o combate à transmissão dessas doenças em todo o estado.
“A previsão é termos os primeiros mosquitos já sendo espalhados nessa região no final de 2024, e que o próximo ano epidêmico seja daqui a três anos”, analisou Baccheretti.
Acompanhamento e obrigações
A execução do projeto está sendo acompanhada pela auditoria socioeconômica da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelos compromitentes do Termo de Reparação – Governo de Minas, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG). A ordem de início foi emitida pelos compromitentes em fevereiro deste ano após a análise do projeto apresentado pela mineradora e o parecer favorável da FGV.
Conforme previsto no Acordo Judicial, a Vale tem a responsabilidade de construir, equipar e mobiliar a biofábrica, que será de propriedade do Estado de Minas Gerais. A empresa também é obrigada a custear o funcionamento da biofábrica por cinco anos, contados a partir da licença de operação e com valor previsto de cerca de R$ 57 milhões. Além disso, cabe à Vale pagar as despesas de segurança e de conservação do local, no período entre a conclusão da obra e o início da operação.
Os trabalhos na biofábrica serão conduzidos pela SES-MG, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program (WMP) – iniciativa internacional que atua na proteção das pessoas às doenças transmitidas por mosquitos Aedes aegypti.