A Operação Penalidade Máxima II ofereceu denúncia contra 17 pessoas, mas as investigações ainda continuam. A Itatiaia teve acesso às conversas do processo, e três jogadores que estão atualmente no futebol de Minas Gerais são citados por participar do esquema de apostas: Richard (Cruzeiro), Nino Paraíba e Dadá Belmonte (América). As denúncias são referentes ao período em que eles jogavam em outros clubes.
As investigações são de irregularidades ocorridas no final de 2022. Richard e Nino Paraíba defendiam o Ceará, enquanto Dadá Belmonte atuava pelo Goiás. Os três jogadores não foram denunciados formalmente, mas o Ministério Público de Goiás (MP-GO) segue investigando o envolvimento desses e outros atletas no esquema.
O zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, foi denunciado na segunda fase da Operação Penalidade Máxima. Por isso, foi afastado do clube preventivamente, até que os fatos sejam esclarecidos. Richard, Dadá Belmonte e Nino Paraíba não foram alvos de busca e apreensão ou qualquer outra ação do MP.
Apesar disso, documentos anexados ao processo movido pelo MP e obtidos pela reportagem apresentam conversas de Richard, do Cruzeiro, com intermediadores do esquema enquanto ainda defendia o Ceará (imagem acima). Dadá Belmonte e Nino Paraíba são citados como participantes do esquema. A despeito disso, não há reproduções de conversas envolvendo os dois atletas do América.
Em conversas com apostadores – que foram denunciados duas vezes pelo Ministério Público nas fases existentes da investigação – há uma lista com os nomes de Nino Paraíba e Richard. Em uma delas, o volante, atualmente no Cruzeiro, afirma que recebeu contato de outros aliciadores, mas garante fidelidade ao grupo investigado.
“Durante a semana veio uns três nego querendo fechar algo comigo e não fecho com ninguém a não ser você, sou papo reto, bagulho não é brincadeira (sic)”, diz em diálogo que o MP-GO teve acesso e anexou junto ao processo.
O jogo entre Cuiabá e Ceará é um dos citados pelo MP-GO. Os nomes de Nino Paraíba e Richard estão juntos na aposta “casada” – o que é feito para elevar a possibilidade de multiplicação dos ganhos.
Ainda não há, nas investigações, comprovações de depósitos por parte dos apostadores. A quadrilha adotava o seguinte método: prometia uma quantia e pagava um adiantamento. Os valores oferecidos e comprovados passam da casa de R$ 1 milhão.
Dadá Belmonte
Na aposta envolvendo Dadá Belmonte, ex-atacante do Goiás, não houve lucro por parte da quadrilha. Isso porque o zagueiro Eduardo Bauermann, que integrava o jogo múltiplo, não foi expulso. Por sua vez, Belmonte foi expulso na partida contra o Fluminense. Em diálogos, os apostadores afirmam que o prejuízo girou em torno de R$ 800 mil nesta operação específica.
“Os outros dois jogadores que foi o da Dadá Belmonte, você pode olhar aí o Dadá Belmonte (…) o Eduardo Bauerman não foi expulso, ele foi expulso depois que o juiz apitou o jogo. Não adianta nada”, diz o intermediário denunciado.
O jogo em questão, que o hoje atacante do América foi expulso, é o da 37ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série A do ano passado. A rodada tem outros jogos investigados: Botafogo x Santos (para Eduardo Bauermann ser expulso), e Palmeiras x Juventude (para que o lateral Moraes tomasse um cartão amarelo).
Dadá Belmonte não atua pelo América desde a estreia na Copa do Brasil, no dia 12 de abril. O último jogo de Nino Paraíba pelo Coelho foi a derrota no fim de semana contra o Cuiabá. Richard vive boa fase no Cruzeiro. O volante participou das últimas seis partidas da Raposa – cinco delas como titular.
Outro lado
Procurado, o América disse que aguardará para se posicionar, uma vez que não foi ‘comunicado oficialmente do fato’. “Havendo confirmações, o América irá se pronunciar, mas precisamos ter cautela neste momento para não nos anteciparmos aos fatos”, disse o clube.
O Cruzeiro, que também foi procurado pela reportagem, ainda não se manifestou. O texto será atualizado caso o clube se pronuncie.
Empresário de Richard, Júnior Pedroso afirmou que, até aqui, não tem conhecimento do envolvimento de Richard no esquema. “Vou me inteirar antes de fazer qualquer pronunciamento”, disse o agente à Itatiaia.
*Da Redação Itatiaia