O corpo de Diego Pinheiro dos Santos, denunciado pelo Ministério Público por manter três crianças e a mãe delas em cárcere privado e os obrigarem a fazer trabalhos forçados, foi encontrado na tarde deste sábado (13) na cela onde estava detido, na Penitenciária de Bicas 2.
Segundo informações, ele morreu enforcado com uma corda improvisada feita de lençóis. A polícia inicia investigação para apurar as circunstâncias da morte.
Diego é filho de Terezinha Pereira dos Santos, a “falsa avó” de Emanuel, de 4 anos, que morreu por conta das agressões e desnutrição, e dos irmãos Miguel (6 anos) e Moisés (9 anos), que foram encontrados trancados em uma casa no bairro Lagoinha, em Belo Horizonte, em fevereiro.
Além de Terezinha e Diego, foram denunciados pelo MP nesta sexta-feira (12) : Lalesca Pereira dos Santos, suposta tia adotiva, e Kátia Cristina Alves, mãe biológica das crianças. Eles são acusados de tortura por motivo torpe, causando a morte da criança por lesões e desnutrição.
O corpo de Diego Pinheiro está no IML de Betim.,
A Itatiaia entrou em contato com as assessorias de imprensa da Polícia Civil e da SEJUSP e, até o momento de fechamento da matéria, não recebeu resposta.
Busca por benefício
Entre o período de novembro de 2021 e fevereiro de 2023, os suspeitos usaram de violência, grave ameaça e restrição de liberdade para obter vantagem econômica indevida. Segundo a denúncia, Terezinha usou dos documentos de Kátia para cadastrar os meninos no Bolsa Família e receber o dinheiro no lugar deles.
Segundo informações, a senhora convidou a mãe das crianças para trabalhar em um sítio em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Eles não receberam nenhum pagamento trabalhista. Além disso, as crianças eram obrigadas a realizar trabalhos como capinar, cavar buracos e auxiliar nas demais obras do sítio. Emanuel, de 4 anos, era obrigado a carregar pedras e, caso não atendessem as ordens, as crianças eram agredidas.
Prisão da ‘tia adotiva’
Lalesca Pereira, de 29 anos, dita como a suposta tia adotiva das crianças abandonadas no bairro Lagoinha, foi presa no dia 20 de março pela Polícia Civil. Ela foi a um Posto Uai para buscar documentos, quando foi informada por agentes que havia um mandado de prisão em aberto contra ela.
Alta do hospital
Os dois irmãos Miguel e Moisés estavam internados no hospital Odilon Behrens desde o dia 21 de fevereiro em decorrência das condições de subnutrição em que foram encontrados. No dia 14 de março, conforme confirmado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), os meninos receberam alta.
“Na última semana, os irmãos foram encaminhados juntos para a unidade de acolhimento – garantindo o vínculo familiar dos dois. Eles seguirão na unidade até que a decisão da Vara da Infância e da Juventude determine a guarda permanente”, informou por meio de nota. As crianças seguem em acompanhamento médico e psicossocial diário.
Nota da Sejusp
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) enviou a seguinte nota à reportagem da Itatiaia sobre o ocorrido:
‘Informamos que a direção do Presídio de São Joaquim de Bicas II instaurou um procedimento de investigação interna para apurar administrativamente as circunstâncias que levaram a óbito o detento Diego Pinheiro dos Santos, de 21 anos. Ele estava acautelado na enfermaria da unidade e, na manhã deste sábado (13.5), ele foi encontrado pendurado pelo pescoço, por uma corda feita com o tecido do próprio uniforme, na ventana do local. Imediatamente os policiais penais o retiraram, ainda com os sinais vitais, e o levaram para a UPA de São Joaquim de Bicas, local onde o preso foi a óbito.
Todos os procedimentos relativos à liberação do corpo e comunicação aos familiares foram tomados pela unidade prisional. Diego teve registro de entrada no Presídio de São Joaquim de Bicas II no dia 8.2.2023.’
*Da Redação Itatiaia