Uma enfermeira de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, confirmou aos policiais federais que emprestou sua senha pessoal ao secretário de Governo da cidade para que ele pudesse apagar os registros de vacinação inicialmente incluídos em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no município. Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva é chefe da central de vacinação da cidade e repassou suas credenciais ao secretário João Brecha, sem saber quais nomes seriam excluídos, segundo ela. As informações foram reveladas pelo jornal “Folha de S.Paulo”.
De acordo com o relato do jornal, a enfermeira disse aos investigadores que o secretário não quis dizer quem seriam os nomes excluídos para “não envolvê-la em problemas, uma vez que se tratavam de pessoas relevantes e conhecidas”.
Cláudia Rodrigues, que foi alvo da operação deflagrada no dia 3 de maio e que também contou com a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e com busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse não ter visto má-fé no pedido do secretário. Ela afirmou acreditar que as exclusões seriam idôneas.
Inicialmente, dados de uma falsa vacinação de Bolsonaro e da filha do ex-presidente foram incluídos no sistema no dia 21 de dezembro e retirados seis dias depois. Essa exclusão teria sido feita por João Brecha. Entre a inclusão e a exclusão, certificados de vacinação de Bolsonaro foram emitidos a partir da rede do Palácio do Planalto e utilizando o perfil de usuário de Bolsonaro no ConecteSUS. Nesse certificado, portanto, estariam registradas doses aplicadas em 13 de agosto e 14 de outubro. A PF diz que não há hipótese de Bolsonaro ter tomado a vacina nessas datas. Esse perfil que, do Planalto, imprimiu o certificado com os dados falsos, estava registrado com o e-mail do ajudante de ordens agora preso.
*Por O Tempo