Presidente da Amepi Marco Antônio Lage comemora e diz que grandes projetos regionais devem ficar acima da política.
O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou por unanimidade nesta semana o Plano de Outorga e as minutas (esboços) de edital para a concessão da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, o que inclui todo o trecho do Médio Piracicaba. Segundo o órgão, a nova operadora administrará a rodovia por 30 anos, e os investimentos previstos giram em torno de R$5,2 bilhões.
Os ministros acompanharam o parecer do ministro Antônio Augusto Anastasia, ex-governador mineiro, que aprovou e desejou sucesso à outorga: “Conhecedor da importância da BR-381 para o Estado de Minas Gerais e para o Brasil, fico na expectativa de sucesso, não apenas na realização do leilão, mas também ao longo de toda a vigência do contrato, no sentido de que se atinjam os benefícios tão esperados pela população mineira. E chegue ao fim a tão famigerada rodovia da morte”.
Amepi comemora
O presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Piracicaba (Amepi), o prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB), comemorou a aprovação.
Há décadas, a entidade regional trabalha para que esta antiga demanda se tornasse realidade e ganhou força nos últimos tempos, com ações conjuntas com associações comerciais, dentre outros agentes.
Houve reuniões em Brasília com o ministro Alexandre Silveira e, em abril, o presidente Marco Antônio Lage e lideranças da região e do Vale Aço estiveram com o ministro Antônio Anastasia, quando reportaram a ele todo esse cenário e a necessidade das obras. A visita foi intermediada pelo coordenador do movimento Pró-Vidas, Clésio Gonçalves, ex-presidente da Câmara Municipal de João Monlevade. Também participaram o prefeito de João Monlevade, Laércio Ribeiro (PT) ;o prefeito de Governador Valadares e o presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Doce (Ardoce), André Merlo (PSDB); o vice-presidente da regional do Vale do Aço da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Fabiano Gaggiato e o presidente do Sindicato das Transportadoras de Carga e Logística de Minas Gerais, Gladstone Viana Diniz Lobato.
Recentemente, o presidente da Amepi e prefeitos da região também estiveram com o Senador Carlos Viana (Podemos) e também trataram do assunto. Viana se comprometeu em agendar audiência pública no Senado com participação da Amepi.
Conforme o presidente Marco Antônio Lage, a notícia é importantíssima para toda região. ‘A BR-381 é um grande entrave para o desenvolvimento do Médio Piracicaba, além de todo drama social das mortes e dos acidentes. Estivemos com o ministro Antônio Anastasia em abril e reportamos a ele todo esse cenário. Saímos com o compromisso de que a questão seria analisada pelo TCU e agora temos este desdobramento positivo. Isso mostra a importância das articulações e como o Médio Piracicaba, forte e unido, pode conquistar grandes resultados. Mais do que nunca, a Amepi e os prefeitos precisam ficar unidos e colocar os grandes projetos acima da política, para que a região não fique atrás de outras do estado. A partir do advento da 381, o momento é fazer com que nossa região seja mais respeitada pela política estadual e nacional. Vamos nos mobilizar agora para os próximos passos da concessão, junto ao Governo Federal, para que todo o processo se resolva no mais curto espaço de tempo possível’, afirma Marco Antônio.
A expectativa do ministro dos Transportes, Renan Filho, é que o edital de concessão seja publicado em julho, e o leilão ocorra no último trimestre de 2023. O processo é conduzido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A agência deverá descrever em detalhes no plano de exploração as terraplenagens, taludes e estruturas de contenção que precisam de reparos, assim como os seus custos.
BR-262 para depois
A futura licitação não incluirá a BR-262, que foi desmembrada da outorga. Em seu portal na internet, a ANTT destacou a prioridade da BR-381 devido ao trânsito de pessoas e o fluxo de produtos agrícolas, minerários e industriais. Segundo o órgão, a otimização dos estudos e a mudança nos investimentos permitiram a redução de 12,41%, o acréscimo de algumas obras no programa de exploração, a realização de ajustes na estabilização de taludes e rotatórias alongadas, mudanças na interseção do quilômetro 431, em Caeté, e na iluminação de curvas côncavas.
Relembre
O processo de duplicação da BR-381 começou em 2014, quando os 303 quilômetros entre Belo Horizonte e Governador Valadares foram divididos em oito lotes para licitação. No entanto, as obras prosseguiram em apenas dois deles, que somam 60 quilômetros, enquanto os demais foram abandonados. Inclusive, trechos importantes, como os entre Nova Era e São Gonçalo do Rio Abaixo, passando por Bela Vista de Minas e João Monlevade. O governo federal ainda tentou dois leilões para privatizar a estrada, sem sucesso, adiando o processo.
Construída na década de 1950, a rodovia ganhou o epíteto de “rodovia da morte” com o passar dos anos, em virtude da grande quantidade de curvas que provocaram milhares de acidentes com vítimas fatais.