Em breve, o motorista que sair de Belo Horizonte com destino ao Espírito Santo pela BR-356 terá que pagar R$ 90 somente de pedágio no trajeto de ida e volta. O trecho de 190 km da rodovia – que apesar de federal é administrada pelo Governo de Minas – foi incluído no Programa de Concessões de Rodovias e, pelo projeto, terá quatro praças de pedágio.
No percurso entre Belo Horizonte e Rio Casca, na Zona da Mata mineira, alternativa para quem não quer pegar a BR-381, o motorista terá que desembolsar R$ 44,04. A privatização desse trecho vai abranger, ainda, a MG-262 e a MG-329.
O primeiro pedágio será instalado em Nova Lima, ainda na região metropolitana de Belo Horizonte, onde o motorista pagará R$ 14,51. O segundo, está previsto para Ouro Preto, na região central e que terá pedágio custando R$ 11,71. Em Acaiaca, o preço estimado é de R$ 11,24 e, em Ponte Nova, de R$ 6,58.
As informações constam em documentos apresentados pelo Governo de Minas em uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que contou com a participação de prefeitos e representantes de onze cidades.
A privatização irá impactar a vida dos moradores de Nova Lima, Itabirito, Rio Acima, Ouro Preto, Mariana, Acaiaca, Ponte Nova, Rio Casca, Barra Longa, Piedade de Ponte Nova e Urucânia.
Autoridades criticam valores
O prefeito de Itabirito, Orlando Amorim Caldeira (Cidadania), afirmou que se os pedágios forem instalados com esses valores, irão impactar na vida do morador, de quem trabalha nas cidades, das empresas e no turismo, responsável por grande parte da movimentação financeira de cidades históricas turísticas como Mariana e Ouro Preto.
“A logística é a parte mais importante de qualquer negócio. Se você não tiver logística em que você não tenha distância média de transporte para levar seu produto e nas qualidades ideais, é lógico que não será vantajoso no mercado. Tem que ter rodovias e é isso que falo que é o desenvolvimento. Hoje a gente tem o produto que é o minério, que é impactante mas e os outros produtos? E a Zona da Mata que vive com outras atividades? Teremos impacto no agronegócio, no turismo. Ouro Preto e Mariana recebem, hoje, uma gama de turistas muito grande. Em Itabirito, uma pequena parcela também passa. E nós podemos perder. Isso é relevante”, reclama.
O deputado Leleco Pimentel (PT) afirma que as tarifas dos pedágios são caras e vão impactar na vida dos trabalhadores da região.
“O povo da região dos Inconfidentes e da Zona da Mata compreendeu que é um crime implementar um projeto de privatização. Quem produz um pé de alface e fornece para alimentação escolar e custa R$ 1,30, como vai incidir em um valor altíssimo de pedágio? Ou até mesmo o trabalhador?”, questiona.
O deputado Marquinho Lemos, também do partido dos trabalhadores, diz que o Governo não ouviu a população.
“É um absurdo. O governo em hora nenhuma fez audiência pública e discutiu com a população e vem já trazendo uma proposta com valores absurdos”, criticou.
As concessões em Minas são responsabilidade da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra). A coordenadora especial de concessões e parcerias do da Gestão Zema, Fernanda Além, informa que a empresa que vencer o leilão terá de investir cerca de R$ 5 bilhões, entre obras de duplicação, recuperação de pavimento e em serviços ao usuário como atendimento médico, guincho e a construção de bases de serviços operacionais.
Ela explica como o governo chegou ao cálculo do valor dos pedágios.
“O valor de tarifa é resultante daquilo que significa a necessidade de investimento em obras, que engloba também a recuperação e manutenção do trecho pelos próximos 30 anos. E, sobretudo, as obras de ampliação da capacidade – que são as duplicações, as terceiras faixas e isso em uma área de serra. Tem toda uma complexidade de engenharia”, explicou citando que o projeto prevê a 70 km de duplicação e 30 km de faixa adicional.
A licitação da rodovia ainda está em fase de estudos. A expectativa do Governo de Minas é que o leilão da BR-356 ocorra ainda neste ano.
*Da Redação Itatiaia