Após recomendar o reforço do isolamento nas cidades do Vale do Aço e a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de hospitais de Ipatinga chegar a 97%, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou, ontem, quarta-feira (3), que 100 mil novos casos da Covid-19 podem surgir no Vale do Aço caso os dados atuais de ocupação e contágio se mantenham na região.
Por essa razão, a primeira reunião da SES com macrorregionais ocorreu justamente com municípios do Vale. Nesses encontros, segundo a pasta, foram apresentados aos prefeitos e secretários municipais de saúde os dados atuais desses locais – como curvas de tendência, R0 (taxa de contágio), taxa de ocupação de leitos, dentre outros, no intuito de sensibilizar a região para a necessidade de adoção de distanciamento e isolamento mais efetivo.
“Na estimativa relativa ao R0 (taxa de contágio), que foi feita, a gente poderia a vir alcançar essa marca de 100 mil casos. Significa que essa marca de 100 mil casos obrigatoriamente vai acontecer? Não, e esperamos que não ocorra. Essas reuniões e essas conversas com a região funcionam justamente para a gente adotar as medidas nesse momento para que esse cenário não ocorra”, informou o chefe de gabinete da SES, João Pinho, durante coletiva de imprensa transmitida ao vivo nesta tarde.
Segundo ele, se o Vale do Aço ou outra região chegarem a um cenário de 50 mil ou 100 mil casos, o volume de pessoas que vão precisar da rede de atendimento será muito grande e muito superior à capacidade instalada. Conforme o gestor, o Estado tem empreendido esforços para enviar equipamentos e para propiciar um ambiente para abertura de leitos. No entanto, essas medidas não seriam suficientes para dar conta da necessidade de assistência.
Abertura do comércio
Questionado se a abertura do comércio em cidades da região, como Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo, realizada no início de abril, contribuiu para a projeção de novos 100 mil casos, Pinho afirmou que não é o momento adequado de buscar uma relação de causa e consequências e recomendou a adesão ao Minas Consciente.
“Os prefeitos tomam suas decisões locais com base no que entendem ser mais adequado para a sua região. É um debate que exige muita maturidade. A gente tem a necessidade de saúde e a questão econômica, que a gente não pode tirar isso de mente. A gente sabe que, no futuro, uma crise em larga escala também vai trazer impactos para o sistema de saúde lá na frente. De fato, é uma situação complicada”, declarou.
Conforme Pinho, a recomendação é que os municípios façam a adesão ao Minas Consciente, programa desenvolvido pela SES em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico para a flexibilização orientada do isolamento. O plano indica, segundo o gestor, qual é a melhor forma e a fase a ser cumprida pela região, a partir de dados e de monitoramento constante.
Segundo ele, na reunião com o Vale, foi reforçada a importância que a região adote a onda verde, ou seja, a abertura apenas de serviços essenciais. O chefe de gabinete da SES também lembrou que o governo tem planos macrorregionais montados para orientar as regiões sobre para onde os cidadãos devem ser encaminhados em caso de leitos em situação de esgotamento.
“Esses planos, em resumo, organizam aquela região no tocante à questão assistencial e de vigilância. Existem questões nesse plano, como: qual é o hospital prioritário, referência para SRAG e para a Covid naquela região? Quantos leitos têm nesses hospitais? Quantos leitos esses hospitais vão conseguir abrir nas próximas semanas?”, citou.
Além do plano, a SES informou que tem empreendido esforços para cumprir lacunas, como o caso de déficit em transporte em determinadas regiões, para levar pessoas a outros hospitais. Entre as soluções, estão estudos de fortalecimento de consórcios, convênios ou a realização de contratações emergenciais.