O número de infectados pelo coronavírus em Minas Gerais praticamente triplicou em pouco mais de três semanas e, nesta terça-feira (23/06), a quantidade de diagnósticos positivos no Estado alcançou a marca de 29.897 – em 30 de maio eram pouco mais de 9 mil infectados com a Covid-19. Relatório publicado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesta manhã aponta para a confirmação de mais de 30 óbitos causados pela doença apenas nas últimas 24 horas. Até hoje, 720 pessoas morreram em Minas Gerais após contraírem o novo coronavírus.
O crescimento do número de mortes é significativo e, em maio, a quantidade não era nem a metade da existente nesta terceira semana de junho. O aumento no número de casos confirmados e óbitos para a doença sinaliza que o Estado caminha para o pico da pandemia, estimado para acontecer no dia 14 do próximo mês. Apesar de parecer distante, a situação preocupa no momento. Uma projeção feita pelo corpo técnico do Centro de Operações de Emergência em Saúde aponta que o esgotamento dos leitos de UTI da rede pública de Minas Gerais pode acontecer daqui a dois dias, na quinta-feira (25).
Belo Horizonte, cidade do Estado que concentra sozinha a maior quantidade de moradores infectados, alcançou no domingo (21) a maior taxa de ocupação de leitos de tratamento desde o início da pandemia. Balanço da Secretaria Municipal de Saúde publicado nessa segunda-feira (22) garante que está disponível apenas 15% dos leitos destinados a cuidados com pacientes infectados ou com sintomas suspeitos – na prática, quer dizer que apenas 45 leitos estão liberados.
O alerta está aceso na capital mineira desde a semana passada e, não à toa, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) decidiu não reabrir mais estabelecimentos comerciais além daqueles que receberam autorização para funcionar. Documento do Estado desta terça-feira confirma a existência de 4.571 infectados em BH, sendo que 96 moradores da cidade morreram após serem infectados.
O cenário também é de alerta em Uberlândia, segunda cidade de Minas Gerais com o maior número de casos segundo balanço da Secretaria de Saúde – são 2.686 moradores diagnosticados e 56 óbitos de acordo com dados da pasta. Entretanto, relatório do próprio município denuncia um quadro mais alarmante: documento publicado pela Prefeitura de Uberlândia nessa segunda-feira (22) aponta que são 5.540 casos confirmados na cidade. A taxa de ocupação dos leitos de UTI é uma preocupação ainda maior, cerca de 97% dos leitos disponíveis já abrigam pacientes infectados ou suspeitos.
Interiorização
Dados coletados pela Saúde detectaram que 640 municípios de Minas Gerais têm, pelo menos, um caso de coronavírus confirmado pelo Estado até o momento. Ou seja, a pandemia se alastrou por pouco mais de 75% das 853 cidades aqui existentes.
A situação é crítica, por exemplo, no Vale do Aço onde a capacidade máxima de leitos foi atingida – em Ipatinga, onde são 1.086 casos confirmados pelo Estado, a ameaça de falta de leitos é real desde 29 de maio, quando a cidade atingiu pela primeira vez ocupação total dos 25 leitos que à época eram credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Mais de 30 mortes
Esta terça-feira (23) é o quinto dia da pandemia em que o número de mortes confirmadas em 24 horas é superior a 30. Os 32 novos óbitos que aparecem no relatório da pasta aconteceram entre os dias 26 de maio e 21 de junho – o que aponta uma demora de, pelo menos, 29 dias para que a morte passe a constar na lista da da Secretaria de Estado de Saúde.
Nenhuma destas mortes é de um morador de Belo Horizonte. Cinco aconteceram em Uberlândia, quatro em Governador Valadares, três em Teófilo Otoni, duas em Ipatinga, duas em Itabirinha, duas em Mantena e duas em Janaúba. Os outros óbitos foram registrados em São Joaquim de Bicas, Muriaé, Ibiá, Santa Rita do Jacutinga, Bocaiúva, Taiobeiras, Goiabeira, Santana do Paraíso, Lavras, passa Quatro, Uberaba e São Pedro do Suaçuí.