Por G1
Elektra é uma mulher desinibida e extravagante. Matheus Diniz, de 24 anos, é um rapaz tímido que trabalha com costura e bordado, além de estudar enfermagem. Os dois são a mesma pessoa. Isso é possível graças à arte de drag queen, que deu à personagem o título de Drag Glamour Minas Gerais 2020.
Desde 2012, o jovem belo-horizontino Matheus se transforma em Elektra para fazer shows. A montagem leva cerca de 1h, com maquiagem, cabelo e vestido cuidadosamente escolhidos. No último sábado (21), a drag subiu ao palco da Lotus Lounge, no bairro Floresta, Região Leste de Belo Horizonte, para receber a faixa de mais glamourosa do estado.
“Eu me senti muito feliz porque eu tinha ficado quase um ano internado. Tive uma meningite aguda e saí do hospital em dezembro de 2019. Fiquei três meses sem andar, cheguei a pesar 35 kg. Hoje estou bem e saudável. Pensei: ‘vou voltar e vou me jogar nesse concurso’. Vencer foi muito gratificante para mim”, relatou Matheus.
“São personalidades diferentes. O jeito de falar muda, o olhar muda. A gente acaba se soltando. O personagem toma conta”, afirmou.
Luta contra o preconceito
Esta foi a sexta edição do Drag Glamour Minas Gerais. No ano passado, quem levou o prêmio foi Kyara Drumond personagem do doutorando em microbiologia Rodrigo Pereira Morão.
No concurso, as participantes são avaliadas por critérios como maquiagem, cabelo, presença de palco, show e dublagem.
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Para Evellyn Loren, que organiza o evento junto com o marido Washington Lourenço (DJ W Louis), o objetivo do concurso é reviver o charme da década de 80. Ela é uma mulher trans e luta diariamente contra o preconceito.
“Esse concurso acaba exaltando a arte drag. Muita gente não reconhece o trabalho dessas pessoas, que são meninos durante o dia e, à noite, se transformam para fazer shows. Esse concurso exalta a arte e a profissão do transformista, da drag queen em Minas Gerais”, disse Evellyn.
O campeão Matheus tem o apoio da família e é vizinho da avó. Há dois anos, quando o avô adoeceu antes de morrer, foi o jovem quem cuidou dele. Essa habilidade com pessoas mais velhas fez com que ele decidisse estudar enfermagem.
“Minha avó super apoia [as transformações], ela adora. Quando a pessoa tem uma certa liberdade, tudo muda”, contou.