Por G1 Mundo
A cidade de Nova York irá aplicar uma multa de pelo menos US$ 15 mil (cerca de R$ 80.600) nos organizadores de uma festa de casamento que reuniu milhares de pessoas em uma sinagoga em Williamsburg, na região do Brooklyn, em 8 de novembro.
Imagens de vídeo gravadas na cerimônia mostram uma verdadeira multidão de judeus hassídicos cantando e dançando em um evento que durou mais de quatro horas, em um ambiente fechado, sem distanciamento social ou uso de máscaras.
Segundo a agência Reuters, 7 mil pessoas foram ao casamento.
A multa foi anunciada na noite de segunda-feira (23) pelo prefeito Bill de Blasio, que não descarta penalidades maiores pelo esforço dos organizadores em esconder os preparativos.
“Já passamos por tanta coisa”, disse o prefeito à emissora NY1. “E, de fato, a comunidade de Williamsburg nas últimas semanas respondeu muito positivamente, fez muito mais testes e foi muito responsável. Isso foi incrivelmente irresponsável, simplesmente inaceitável. Portanto, haverá consequências imediatas para as pessoas que permitiram que isso acontecesse”.
Na véspera, o governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, havia chamado o evento de “um flagrante desrespeito à lei” e “desrespeitoso ao povo de Nova York”.
Segredo
Segundo o jornal “New York Times”, o casamento foi planejado detalhadamente em segredo para que autoridades não ficassem sabendo e tentassem impedir a reunião, que contrariou todas as determinações estabelecidas para o período da pandemia de Covid-19.
Nem mesmo convites foram entregues, ou qualquer comunicado foi feito online: todas as informações foram transmitidas oralmente, e a notícia só foi publicada depois, em um jornal da comunidade hassídica, em iídiche, língua falada por comunidades judaicas ortodoxas, especialmente as ultra-ortodoxas.
Em sua edição de 11 de novembro, o “Der Blatt” descreve o casamento como “uma experiência para a qual as palavras não bastam” e “uma celebração como raramente tivemos a sorte de vivenciar”.
A publicação afirma que sabia com antecedência do evento, mas nada divulgou para “não atrair o mau-olhado da imprensa faminta e de funcionários do governo, que no passado exploraram a situação atual para interromper simchas já planejadas”, usando uma palavra hebraica que descreve um evento alegre.
“Todos os avisos sobre as celebrações eram passados de boca em boca, sem avisos por escrito, sem cartazes nas paredes da sinagoga, sem convites enviados pelo correio, nem mesmo uma reportagem em qualquer publicação, incluindo este mesmo jornal”, diz a matéria.
O casamento aconteceu na sinagoga Yetev Lev D’Satmar em Williamsburg, e os noivos foram o Rabino Joel Teitelbaum, neto do Grande Rabino Satmar Aaron Teitelbaum e a noiva identificada publicamente apenas por suas iniciais, B.K., e pelo nome de seu pai, Rabi Yitzchok Horowitz.
Esta não é a primeira vez que a cidade de Nova York enfrenta problemas no combate ao coronavírus entre a comunidade judia hassídica.
Uma série de casamentos planejados em sinagogas recebeu ordem de cancelamento e protestos em regiões do Brooklyn e Queens chegaram a ter confrontos violentos, com moradores queimando máscaras de proteção.