CoronaVac: estudo mostra eficácia de até 100% em pessoas acima de 60 anos
Um estudo feito com 422 pacientes voluntários na China mostrou que a vacina contra a COVID-19, a CoronaVac produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, demonstra eficácia e eficiência em detectar anticorpos em pessoas acima de 60 anos que tomaram as duas doses.
A faixa etária estudada foi de média de idade de 65,8 anos e 66,8 anos. A pesquisa foi publicada na revista científica The Lancet Infectious Diseases em 3 de fevereiro de 2021.
Esse é o primeiro artigo que aponta resultados da CoronaVac em idosos, um dos grupos mais suscetíveis a complicações do novo coronavírus. Os dados publicados na Lancet, contam com a revisão de diversos cientistas, e é um passo importante para a confiança na eficiência do imunizante.
Na publicação, os resultados das fases 1 e 2 mostram que a CoronaVac é bem tolerada e doses de 3 microgramas são suficientes para desencadear a resposta imune em idosos.
Na primeira fase, 72 pacientes com idade média de 65,8 anos receberam vacinação divididos em dois grupos. Um grupo tomou uma dose mais baixa e outro uma dose mais alta da vacina. Outras 24 pessoas tomaram placebo.
No grupo que tomou doses mais baixas, houve 100% de soroconversão, ou seja, todos os 24 pacientes que tomaram a vacina tiveram anticorpos detectáveis.
Já no grupo que recebeu doses mais altas, 23 pacientes dos 24, desenvolveram anticorpos representando 95,7% dos casos após as duas doses. Pessoas que tomaram placebo 0%.
As doses aplicadas nos voluntários foram de 1,5 micrograma, 3 microgramas e 6 microgramas da CoronaVac.
Todas as reações adversas foram leves ou moderadas, sendo que a dor no local da aplicação foi a principal relatada em 9% dos 421 participantes. Oito eventos adversos considerados mais graves (2%) foram relatados, mas não relacionados com a vacina.
Segundo o médico coordenador do LabCovid (laboratório credenciado pela Fundação Ezequiel Dias), da Universidade Federal de Lavras (Ufla), José Cherem, a conclusão desse estudo atesta que a CoronaVac é bem tolerada e duas doses de 3 microgramas foram suficientes para desencadear a resposta imune após 28 dias.
“De maneira geral, o aparecimento de anticorpos sugere fortemente imunidade contra a doença. Esse estudo demonstra o desenvolvimento dos anticorpos em idosos, associado a baixos efeitos colaterais com segurança. O acompanhamento dessa e de qualquer outra vacina contra a COVID-19, devem continuar sendo alvo de acompanhamento para determinação precisa de sua eficiência, ou seja, necessitam passar pelo crivo do tempo”, explica Cherem.
Ainda segundo o coordenador do LabCovid, a regra é que quem desenvolve os anticorpos não adoece. “O grande questionamento agora é por quanto tempo esses anticorpos permanecem no organismo”, pontua José Cherem.
A pesquisa completa pode ser acessada neste link.