Neymar rompeu o silêncio e veio a público nessa sexta-feira (10) para desmentir os rumores e reportagens da imprensa europeia de que estaria em rota de colisão com o técnico do Paris Saint-Germain, Unai Emery, e com o artilheiro uruguaio Cavani. Demonstrando insatisfação e se dizendo “incomodado”, o craque brasileiro decidiu falar aos jornalistas em coletiva, com o semblante emocionado, e pediu para que “parem e sejam corretos”.
O atacante que chegou ao PSG na maior transação da história do futebol tem sido objeto de repetidas reportagens sobre sua adaptação a Paris, que estaria sendo problemática. Na quinta-feira, o jornal esportivo L’Équipe chegou a publicar texto descrevendo o choque frontal entre Neymar e Emery, que não contaria com o respeito do astro brasileiro. Nessa sexta, ele aproveitou a coletiva do jogo da seleção com o Japão, em Lille, para desmentir com vigor que esteja insatisfeito, triste ou com desejo de deixar Paris, como a imprensa espanhola chegou a especular nos últimos dias.
“Sobre meus últimos tempos em Paris, de números estão perfeitos. Eu estou muito bem, estou feliz, bem motivado para vencer no Paris, para ser um jogador que dá tudo dentro de campo com meus companheiros”, assegurou, reiterando: “Estão inventando um monte de histórias. Não tenho nenhum problema com o Cavani ou com o treinador. Muito pelo contrário, porque fui contratado com o aval dele”.
Demonstrando certa indignação em relação aos comentários que vê na imprensa, Neymar foi direto: “Quero que desde já parem por aqui de inventar que tenho problemas com o treinador”. “É alguma coisa que vem incomodando sim. Conversei com o professor, com o Edu (Gaspar, coordenador técnico da Seleção). São coisas que estão ferindo aos poucos. Coisa de gente que não está dentro do Paris.”
Neymar chegou a pedir desculpas por seus erros, sem explicar quais – mas dando a entender que se trata dos cartões que tem recebido. E disse que vai continuar tentando se aprimorar. “Não estou aqui bravo ou p… da vida. Vim por vontade própria, com felicidade de falar a todos e falar o que penso. Sou bem realista e não gosto de burburinho, de invenções e histórias”, reiterou, acusando “parte da imprensa” de criar histórias sobre sua adaptação.
Neymar disse que decidiu falar para acabar com os rumores. “Não adianta as pessoas inventarem um monte de historinhas e eu não falar nada. Todo mundo vai pensar que é verdade”, justificou. “Saí do Barcelona feliz e continuo muito feliz.”
O craque brasileiro frisou ainda que sua adaptação ao elenco do PSG tem sido boa. Questionado sobre o vestiário e quem bota o som, chegou a brincar. “Tem hora que os argentinos colocam o som, os brasileiros, os franceses. A gente divide”, disse. “Todo mundo me tratou com carinho e respeito. E isso me deixou muito feliz, com ainda mais vontade de treinar e jogar.”
Neymar admitiu que “qualquer adaptação em um ambiente de trabalho novo é difícil e leva tempo”, mas disse ter sido muito bem acolhido. O craque lembrou ainda os jornalistas que tem dias melhores e dias piores, com mau humor, mas garantiu que não há nada de errado em sua vida em Paris. “Sou um ser humano como qualquer um de vocês”, disse, pedindo desculpas por seus erros. “Eu sou um cara de 25 anos que já errou muito no futebol. Vou errar muito ainda, mas sei que tenho de mudar e melhorar.”
Ao final de sua participação na coletiva, Tite pediu a palavra e defendeu o craque. “Eu cansei de ouvir que o Tite tem problemas com Neymar”, lembrou. O treinador disse que é normal que um atleta se irrite pelo excesso de faltas e afirmou mais tarde que o astro precisa corrigir sua reação quando sofre as infrações. Mas defendeu com ênfase seu jogador. “É preciso tomar cuidado para não generalizar, tomar cuidado com o caráter e a índole. E eu posso falar do caráter, da índole e do grande coração que ele tem.”
Neymar ouviu as palavras de Tite, e como disse antes que o faria, levantou-se para ir embora. Então abraçou o treinador e deixou a coletiva emocionado, secando os olhos com as mãos.
Amistoso contra o Japão
Em jogo morno, Brasil vence Japão com ajuda da arbitragem de vídeo
Sem esforço, a seleção brasileira venceu o Japão nesta sexta-feira, em Lille, na França, por 3 a 1, no penúltimo jogo da equipe em 2017. Em um amistoso marcado pelo fracasso de público – 16.922 espectadores – e pela intervenção da arbitragem de vídeo, o time de Neymar e Gabriel Jesus teve muito pouco trabalho para marcar na fraca equipe japonesa treinada por Vahid Halilhodzic. De proveitoso, o técnico Tite pôde constatar o desempenho consistente do lateral-direito Danilo e do meia Giuliano, que mostraram entrosamento pela direita com o capitão Willian.
De resto, o confronto teve muito pouco interesse para uma equipe de primeiro nível às vésperas da Copa do Mundo, e também para o público, que ficou longe de lotar os 50 mil lugares do Estádio Pierre-Mauroy.
Ingênuo e pouco organizado na defesa, o Japão cometeu dois pênaltis em 15 minutos, o primeiro deles em um lance surpreendente. Aos 8 minutos, depois de uma jogada confusa em que Fernandinho caiu na área após uma disputa com Yoshida, sem provocar reclamações, o árbitro francês Benoit Bastien paralisou o jogo e pediu o auxílio do vídeo. Parte da torcida nem mesmo entendeu por que a disputa havia parado, e a decisão do pênalti acabou resultando em uma comemoração pouco entusiasmada da torcida. Foi a primeira vez que a arbitragem de vídeo interveio na história da seleção.
Neymar, que não teve nada a ver com a polêmica, pegou a bola e converteu no canto esquerdo do goleiro Kawashima. Então o Brasil já dominava o jogo sem problemas, com uma primeira chance de gol, em uma infiltração de Giuliano.Aos 15, em uma ação rápida na área, Neymar tocou para Jesus, que dominou mas foi abalroado por Yamaguchi. Novo pênalti, que o camisa 10 cobrou, dessa vez para a defesa de Kawashima. Mas o Japão mal teve tempo para comemorar, porque dois minutos depois Marcelo, de fora da área acertou um chutaço no ângulo no rebote da zaga após cobrança de escanteio. Com o jogo sob controle, sob chuva fina e frio, a seleção se acomodou e até permitiu ao Japão chegar com perigo, em uma cobrança de falta de Yoshida que acertou o travessão de Alisson.
Sem dificuldade para controlar o jogo, e aproveitando-se dos contra-ataques diante de uma defesa que deixava espaços, o Brasil chegou ao terceiro. Aos 35, depois de um bom arranque, Giuliano encontrou Willian na área. O meia deu um toque lateral para a ultrapassagem de Danilo, que cruzou rasteiro, na medida para Gabriel Jesus marcar na pequena área.
Até então a melhor notícia para o Brasil vinha sendo a efetividade do ataque: de sete chutes a gol, cinco tiveram direção certa e três foram convertidos.
Na abertura do segundo tempo, Tite, que havia escalado um time misto para testar nomes como Danilo, o zagueiro Jemerson e Giuliano, voltou a fazer experiências enviando a campo Cássio, no lugar de Alisson, Diego Souza no lugar de Gabriel Jesus e Alex Sandro no de Marcelo. Em clima de treino, não de Copa do Mundo – como Tite disse que exigiria do grupo -, o Brasil parou de pressionar.
O treinador seguiu com as experiências, mandando a campo Taison no lugar de Willian, e Douglas Costa no de Neymar – que aos 11 minutos do segundo tempo havia tomado cartão amarelo do árbitro após falta conferida graças ao auxílio do vídeo. Com as alterações, aos 25 minutos do segundo tempo, o Brasil só tinha em campo Casemiro dentre aqueles que se imagina são os titulares da Seleção de Tite até o momento.
O jogo ganhou então ainda mais a atmosfera de um treino para a equipe brasileira, a tal ponto que, em meio às alterações na equipe, o Japão descontou aos 17. Makino venceu Jemerson em cobrança de escanteio no segundo pau e, de cabeça, marcou.
A partir de então o jogo se arrastou até o final, com poucas oportunidades de gol. Tite, que pretendia testar os convocados que até aqui tiveram menos chances, pôde ver uma atuação consistente de Danilo e Giuliano – substituído por Renato Augusto -, mas não deve ter identificado no time o espírito de Copa do Mundo que disse esperar dos convocados. A seleção terá agora uma nova oportunidade, na terça-feira, em Londres, quando enfrenta a Inglaterra, no estádio de Wembley. (Da Agência Estado)