A polícia e a promotoria pública da Alemanha afirmaram nesta quinta-feira (09/11) que o ex-enfermeiro identificado apenas como Niels H, que cumpre pena de prisão perpétua pelo assassinato de seis pacientes em hospitais onde trabalhava, pode ser culpado por outras 100 mortes.
Após mais de uma centena de exumações e análises toxicológicas, investigadores passaram a suspeitar que Niels H, hoje com 40 anos, teria assassinado um total de 106 pessoas entre 2000 e 2005.
Ele foi condenado à prisão perpétua em 2015 por injetar pacientes com medicação cardiovascular em hospitais nas cidades de Oldenburg e Delmenhorst, no norte da Alemanha. Seu objetivo era induzir insuficiência cardíaca ou colapso circulatório e então ressuscitá-los para impressionar seus colegas de trabalho.
Naquele ano, Niels H. foi considerado culpado em seis acusações de assassinato, duas acusações de tentativa de homicídio e uma denúncia de agressão, após seu “truque” não funcionar.
Em agosto, os investigadores afirmaram que o ex-enfermeiro poderia ter sido responsável por 84 mortes adicionais. Com as novas acusações, o total dos óbitos provocados por Niels H. poderá ser de 68 em Delmenhorst e outros 38 Oldenburg. A promotoria planeja fazer novas acusações formais contra o ex-enfermeiro em 2018.
Novas suspeitas
A confissão de Niels H. em 2015, de que teria matado mais pacientes do que se sabia até então, levou as autoridades a estabelecerem uma comissão especial para investigar o caso.
Os corpos de 134 ex-pacientes tratados pelo suspeito foram exumados como parte das investigações sobre as mortes em Oldenburg e Delmenhorst, para que os peritos pudessem verificar se há rastros das drogas utilizadas pelo ex-enfermeiro. Muitos deles, porém, haviam sido cremados.
Os investigadores pediram ajuda às autoridades da Turquia para que sejam realizados exames em outras três prováveis vítimas de Niels H. enterradas no país.
O presidente da Fundação para Proteção de Pacientes na Alemanha, Eugen Brysch, espera que o caso de Niels H. motive a criação de um sistema nacional de alerta para situações semelhantes. Ele afirma que mortes como as de Oldenburg e Delmenhorst “podem acontecer em qualquer lugar”.
Brysch pede ações conjuntas de políticos, associações hospitalares, médicos e enfermeiros para evitar casos semelhantes. “Há uma falta de esforços compreensivos para deter criminosos a tempo”, disse.
Em apenas algumas das mais de 2 mil clínicas médicas da Alemanha existem sistemas de denúncias anônimas e meios de intervir rapidamente em caso de irregularidades, aponta Brysch. Ele acrescenta que um sistema de alarme também deve existir na distribuição de medicamentos, inclusive em casas de repouso, além de dados estatísticos mais precisos sobre as mortes. (RC/epd/dpa/afp)