Na noite dessa segunda-feira, 25, a Câmara Municipal de João Monlevade realizou uma Audiência Pública com o tema: “A saúde mental no município. Uma reflexão dos últimos 31 anos, os desafios do cenário atual e um olhar para o futuro”. A reunião é de iniciativa do vereador Gustavo Prandini.
Segundo Prandini, o objetivo da audiência é dar visibilidade à causa, especialmente neste ano, devido à pandemia e o isolamento social, quando os problemas de saúde mental tendem a se agravar. “Sei que as políticas de saúde mental são de competência do Executivo, mas queremos contribuir, seja discutindo orçamento, nos avanços da legislação municipal e estimulando o governo para que priorize a saúde mental”, disse.
Na oportunidade estiveram presentes o presidente da Casa, Gustavo Maciel (Podemos) e os vereadores, Thiago Titó (PDT), Bruno Cabeção (Avante), Leles Pontes (Republicanos), Marquinho Dornelas (PDT), Belmar Diniz (PT), a Secretária Municipal de Saúde, Raquel Drumond, a psiquiatra Rosângela Ribeiro, a Coordenadora do Serviço de Saúde Mental, Eliana Bicalho e o coordenador do curso de Psicologia da Rede Doctum, Rinaldo Bueno. O vereador, Fernando Linhares (DEM) e o delegado da Polícia Civil de João Monlevade, Paulo Tavares, justificaram ausência. Também acompanharam os trabalhos profissionais da área de psicologia, representantes do Fórum, Sesamo, Hospital Margarida, Fundação Cre-ser, Secretaria de Educação e Secretaria de Assistência Social.
A Coordenadora do Serviço de Saúde Mental, Eliana Bicalho, fez uma apresentação da história da saúde mental no país nas décadas de 70 e 80. Ela lembrou que na época, as pessoas que apresentavam transtornos mentais eram encaminhadas para Hospitais Psiquiátricos e manicômios nas cidades de Belo Horizonte, Barbacena, Juiz de Fora, entre outros. Já na década de 80, os atendimentos psiquiátricos eram feitos no Posto Médico até a criação do Sésamo no município, em 1990, com o serviço de atendimento estruturado e em sede própria.
Eliana também relatou a criação da Associação dos Usuários da Saúde Mental (Assume), em 1996 e o início dos atendimentos de psicologia às crianças e adolescentes no Centro de Saúde. Os casos psiquiátricos eram encaminhados para Belo Horizonte.
Sobre as ações para o período de 2021 a 2024, Eliana relatou que a Divisão de Saúde Mental tem como objetivo estruturar a rede.
A psiquiatra Rosângela Ribeiro anunciou que será criado no município um Centro de Atendimento Psicossocial – CAPS-i, voltado para crianças e adolescentes que antes era feito no Sesamo. Rosângela contou que a Secretaria de Saúde já está formulando um projeto para o Centro, que será instalado em um espaço cedido pela Fundação Crê-Ser. “A equipe para o CAPS-i já existe, sendo 3 médicos, 4 psicólogos e uma assistente social. A nossa expectativa é que em 6 meses possamos dar início aos atendimentos”, disse.
O presidente da Casa, Gustavo Maciel, parabenizou a iniciativa do vereador Prandini em discutir o assunto. Ele lembrou que a Câmara tem sido atuante no quesito saúde mental. Gustavo destacou os Projetos de Lei aprovados neste ano que instituem o Dia Municipal da Conscientização da Esquizofrenia, Dia Municipal de Enfrentamento à Psicofobia. Gustavo contou também que está em tramitação na casa o Projeto de Lei que institui o Dia Municipal da Luta Antimanicomial no município. Ele enfatizou que as matérias vão contribuir para fomentar ainda mais o assunto.
O vereador Thiago Titó falou da importância dos investimentos no setor no que diz respeito à saúde mental. Ele relatou que a falta de conhecimento do tema, muitas vezes, gera preconceito na população e por isso é fundamental discutir o tema.
Bruno Cabeção aproveitou a oportunidade para questionar o que tem sido feito para contribuir com a ressocialização dos jovens, com a volta às aulas, após um período de isolamento devido à pandemia. A secretária de Educação, Maria do Sagrado, informou que os profissionais das escolas passaram por uma capacitação. Ela ainda relatou que nesta retomada as aulas, os profissionais da educação estão ouvindo os alunos de forma a entender como a pandemia pode ter impactados nesses estudantes.
A Secretaria de Saúde, Raquel Drummond, agradeceu e parabenizou a iniciativa em discutir o assunto. “É muito importante dar visibilidade ao serviço que as vezes é tão escondido. Nós ainda não somos uma rede, mas já vislumbramos esta rede. O nosso próximo passo é a implantação do CAPS-i (criança e adolescente) e o CAPS AD (para tratamento de usuários de álcool e outras drogas)”.
Fonte: ACOM-CMJM