O HNSD, desde que foi fundado, conta com importantes contribuições das mulheres.
Em 1974, Ermelina Meroto Roncete Valadares Costa se tornava a primeira médica do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD). Passadas quase cinco décadas, a pediatra é, hoje, aos 73 anos, a profissional de saúde com mais tempo de atuação na instituição hospitalar de Itabira. Durante esse tempo, ela viveu experiências, acumulou histórias e superou desafios.
Desde a sua fundação, em 1858, o HNSD conta com importantes contribuições femininas — sendo supervisionado durante décadas por freiras e, atualmente, com o quadro de funcionários sendo composto majoritariamente por mulheres. Nesse contexto, Ermelina Costa simboliza essa trajetória feminina na construção do hospital e no desenvolvimento do hospital.
“Acho que o ambiente do hospital não mudou. Para mim continua sendo o mesmo ambiente que sempre foi. O HNSD tem uma acolhida diferenciada, então não vejo discriminação aqui, não vejo dificuldades. Foi criado esse ambiente bom aqui dentro e que continua até hoje”, avalia a médica.
Ermelina Costa formou-se em medicina na Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), no Espírito Santo, em 1973. Um ano depois dava início a sua trajetória no HNSD. “Quando eu vim pra cá éramos 26 médicos e só tinha eu como médica, fui a primeira. O hospital tinha as freiras também e a irmã Aurélia era a supervisora. Era um grupo pequeno, todos se conheciam e a gente trabalhava muito”, conta.
A médica defende que todas as mulheres precisam confiar no seu potencial para superar os seus desafios — princípio que carregou consigo para construir a sua história em um ambiente que, historicamente, é dominado por profissionais masculinos. “O que todo mundo faz, eu faço. Geralmente a gente duvida muito da nossa capacidade enquanto mulher. Não vejo essa diferença, o que um homem pode fazer, a mulher também pode fazer. Eu acho isso, basta ela querer fazer”, reflete Ermelina Costa.
Entre os episódios que vivenciou na história do HNSD, a médica recorda conquistas para a melhoria da condição de trabalho para profissionais femininas. Ela contou sobre uma reunião em que foi definida a criação de quarto para descanso e banheiro independente para as mulheres — o que levou a uma mudança no ambiente do hospital.
“O hospital não tinha quarto e banheiro separados para mulher. Teve que ser criado esse ambiente. No dia que conversamos sobre isso, eles [médicos] acharam que não havia diferença, que era tudo igual. Nessa reunião eu falei que não é tudo igual, que eu não sou igual a eles. Eu sou mulher e queria um quarto e um banheiro pra mim. Foi difícil na época eu tive que me impor”, lembra Ermelina Costa. “Acho que nesse ponto não podemos perder a nossa condição de mulher, de ser feminina, de ter o espaço para a nossa intimidade. Você tem que se impor para ter um direito”, completa.
Em relação ao Dia Internacional da Mulher, Ermelina Costa deixa um recardo para as mulheres: “falaria pra elas não se intimidarem e terem confiança nas escolhas que fizeram e no que aprenderam. Mas vai chegar uma hora que elas precisam se impor, ter que falar isso é meu direito. Agora, se elas ficarem caladas vão ser silenciadas. Então tem que ter voz e mostrar o que elas sabem fazer”.