Análise do que levou à falha vai permitir aperfeiçoar os sistemas para testes futuros.
Às 9h50 desta quinta-feira (20/04), Elon Musk anunciou em seu perfil no Twitter que a Starship seria lançada 37 minutos depois. O foguete saiu da base do espaçoporto a leste de Brownsville, no Texas (EUA), às 10h33.
A SpaceX esperava que, na melhor das hipóteses, o voo de estreia do foguete mais poderoso do mundo durasse 90 minutos. Pouco depois do lançamento, entretanto, os dois estágios da espaçonave não se separaram e ela explodiu no ar.
A Starship atingiu cerca de 39 quilômetros de altitude e a equipe comemorou o feito de tirar o foguete do chão em um lançamento bem-sucedido. John Insprucker, engenheiro de integração da SpaceX, aponta que os dados obtidos no teste vão ajudar a equipe nas próximas etapas.
Aprendizado
E foi justamente assim que os envolvidos no projeto reagiram: houve até palmas e cumprimentos após a explosão. Um tuíte da Space X diz que o foguete teve uma “desmontagem rápida não programada”.
A própria Nasa parabenizou os profissionais. “Parabéns à @SpaceX pelo primeiro teste de voo integrado da Starship!”, disse Bill Nelson, administrador da agência. “Toda grande conquista da história exigiu algum nível de risco calculado, porque grandes riscos trazem grandes recompensas. Ansioso pelos aprendizados, pelo próximo teste de voo — e além.”
A Starship não é a primeira nem vai ser a última espaçonave a explodir. Isso é parte do processo de teste de foguetes não tripulados. E ela é bastante complexa: tem 33 motores no primeiro estágio e nove no segundo — o que certamente aumenta a quantidade possível de falhas.
Com 217 voos bem-sucedidos desde 2010 — 61 deles em 2022 — o Falcon 9 teve três falhas de lançamento antes de ser um sucesso. “É por isso que testamos”, diz Lisa Watson-Morgan, gerente do programa Artemis, da Nasa. “Você aprende mais em um teste que não vai bem. Aí você repete.”
A própria Starship já teve fracassos. Entre 2020 e 2021, cinco foguetes de estágio superior foram lançados em voos de teste curtos (com altitude máxima de 10 quilômetros): quatro terminaram em explosões ou colisões. Só o quinto foi bem-sucedido, apesar de um pequeno incêndio na base do foguete após o pouso.
A SpaceX segue a filosofia “construa rápido, voe rápido, falhe rápido e tente novamente”. Foi a partir desse modelo de pesquisa e desenvolvimento que a companhia se tornou a líder mundial no segmento de lançamento de foguetes.
Além disso, a companhia nunca prometeu que o primeiro voo da Starship seria um sucesso. Na semana passada, ao anunciar o lançamento, Musk dizia que o sucesso talvez viesse, mas que o entusiasmo estava garantido.
Mesmo assim, dois dos principais objetivos da missão foram atingidos: a limpeza da torre de lançamento e a preservação da plataforma. Ambos foram anunciados pela SpaceX logo após o lançamento, quando o foguete ainda voava.
John Logsdon, professor e fundador do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington (George Washington University Space Policy Institute), diz que acredita que a SpaceX avaliava a explosão como uma possibilidade. “Eles perceberam que, no teste de um sistema complexo como esse, muitos aspectos podem dar errado”, avalia, em entrevista à Time.
Enquanto isso, a equipe constrói mais Starships. “Acho que eles têm uma fábrica cheia de cópias desses sistemas”, sugere Logsdon. “Então, eles não perderam algo insubstituível.” Agora, a partir da análise do que levou à falha, os especialistas podem aperfeiçoar o veículo para novos testes.
Às 11h, Musk usou o Twitter para parabenizar a equipe da SpaceX que conduziu o lançamento. Além de dizer que os profissionais aprenderem bastante para o próximo teste, a ocorrer daqui a alguns meses, ele incluiu imagens do lançamento e do foguete no ar.