A internet das coisas (IoT, da sigla em inglês de Internet of Things), termo usado para definir a comunicação via internet entre objetos e equipamentos, já é usada por 29% das empresas pelo mundo, aponta pesquisa realizada em 13 países pela operadora britânica Vodafone. Em 2013, a adoção era de apenas 12%.
Segundo Eduardo Resende, diretor executivo da Vodafone no Brasil, o crescimento acelerado é facilmente explicável: a internet das coisas não é apenas uma inovação com potencial de trazer ganhos de competitividade no longo prazo. “O ganho imediato de redução de custo e aumento da receita é enorme”, diz.
Entre as empresas que usam IoT, 47% afirmam ter dados mais precisos para tomada de decisões, 47% dizem que reduziram seu custo operacional e 45% relatam o aumento da produtividade dos funcionários, diz a pesquisa.
Outro fator que incentiva o uso pelas empresas brasileiras é o ganho de produtividade, afirma Ricardo Hobbs, diretor de Marketing e Produtos B2B da Vivo, que possui uma divisão com foco em conectividade para soluções de internet das coisas. Hoje, eles possuem 5 milhões de objetos conectados. A expectativa é que o número cresça ao menos 10% ao ano nos próximos três anos.
De acordo com a pesquisa, o aumento da produtividade dos funcionários é o maior objetivo: 55% das consultadas afirmaram ser o principal motivo para a adoção.
REDUÇÃO DE CUSTOS. Alexandre Martins, diretor industrial da rede de docerias Ofner, diz que a redução de custos foi significativa desde que a rede de docerias implementou a IoT, em 2014.
Todos os meses, a fábrica e as 25 lojas da marca perdiam entre R$ 120 mil e R$ 180 mil com matéria-prima e produtos que estragavam ou perdiam o padrão de qualidade em razão de deficiências de armazenamento.
Para evitar o desperdício, as estufas e a geladeiras nas lojas e fábrica ganharam sensores inteligentes que monitoram a umidade e temperatura a cada 30 segundos. Antes, a medição era feita a cada hora nas lojas e a cada três horas na fábrica, e os dados inseridos manualmente em uma planilha de controle.
Hoje, se uma geladeira programada para refrigerar de 0º C a 5º C passar a funcionar a 6º C por mais de 15 minutos, por exemplo, um alerta é enviado, via SMS, à equipe de manutenção e qualidade. O sistema ainda é capaz de identificar o possível problema: se a falha é causada pelo compressor ou se há interrupção de energia.
Infraestrutura ainda é entrave no Brasil
São Paulo. Para o Brasil conseguir aproveitar o potencial da internet das coisas, precisa melhorar sua infraestrutura de conexão, diz Luís Leão, gerente da Udacity, empresa do Vale do Silício especializada em capacitação de profissionais em tecnologia.
“A IoT tem como essência a conectividade. Hoje, o acesso à internet no Brasil é mais lento e mais caro que em outros lugares”, diz.
“Houve muita melhora na questão da conectividade desde que iniciamos nossa operação, em 2010”, afirma Lucas Almeida, um dos fundadores da startup Nexxto, especializada em oferecer soluções de IoT a pequenas, médias e grandes empresas.
Para ele, ainda há muito o que melhorar. “Um cliente que tem uma rede de lojas espalhadas pelo Brasil, às vezes consegue ter um retorno muito maior nos grandes centros do que nas unidades localizadas em locais mais afastados, por causa de problemas simples de conexão”, justifica.
Flash
Ganhos. Para Alexandre Martins, a redução de custos não foi o único ganho. “A manutenção preventiva agora é mais assertiva, e o funcionário não precisa gastar o tempo dele fazendo a medição. Só com a redução das perdas eu paguei o investimento em dois anos”, explica. (O Tempo)