O primeiro plano será a tela escura, iluminada apenas pelos dizeres “há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante…”. Em seguida, sob a intensa música orquestral de John Williams, o letreiro amarelo vai subir, explicando o ponto de partida de Star wars: Os últimos jedi, que chega nesta quinta-feira (14) às salas de todo o mundo como a estreia mais aguardada do ano em Hollywood. O ritual de abertura se repete há 40 anos, desde que George Lucas alterou para sempre a cultura pop mundial com o primeiro episódio da então chamada Guerra nas estrelas. A fantasia espacial, em torno de uma disputa política beligerante em uma galáxia “muito, muito distante”, protagonizada por heróis e vilões com habilidades especiais e dramas pessoais, se transformou ainda em animações, livros, quadrinhos e games, num universo imaginário venerado por fãs de várias gerações.
O novo filme, oitavo episódio da saga, continua a história contada há dois anos em O despertar da força, que, por sua vez, retomava o enredo encerrado em 1983. A sequência pode confundir quem é menos íntimo ao assunto. Antes de 2015, Star warshavia rendido duas trilogias ao cinema, uma entre 1977 e 1983, e outra de 1999 a 2005. No entanto, a trama da primeira, composta pelos episódios quatro, cinco e seis, é cronologicamente anterior à da virada do milênio.
A continuidade começou em 2012, quando os estúdios Disney compraram a Lucasfilm, dispostos a alavancar novas produções e explorar a marca comercialmente. O primeiro longa saiu três anos depois, reunindo não só personagens, parte do elenco de quatro décadas atrás, além de introduzir novas figuras. Um deleite tanto para os fãs mais antigos quanto para os novatos. Com investimento pesado da Disney em produtos de vestuário, brinquedos, séries animadas e tudo mais que possa ser vendido com referência ao universo criado por George Lucas, Star wars deixou de ser assunto “cult” e “nerd” para conquistar um exército ainda maior de entusiastas de todas as idades.
FATURAMENTO Prova disso é que Star wars: O despertar da força se tornou a terceira maior bilheteria da história, atrás apenas de Avatar (2009) e Titanic (1997), faturando US$ 2,06 bilhões. Os últimos jeditenta aproveitar o sucesso do lançamento anterior. O longa, já exibido em pré-estreia realizada em Los Angeles no último sábado (9), tem muitas cenas de ação, efeitos especiais, combates aéreos entre espaçonaves militares, os icônicos sabres de luz, além de momentos de emoção e bom humor. Mesma fórmula que transformou a fantasia intergalática em sucesso mundial.
Com orçamento na casa dos US$ 200 milhões, o filme agradou à crítica nos EUA. De acordo com o site Metacritic, que mensura as avaliações na imprensa local, a nota média é de 85% entre os materiais já publicados. Para os críticos de alguns veículos, como Eric Kohn, do Indiewire, “é o filme mais satisfatório desde O império contra-ataca (1980)”. Por outro lado, também houve quem achasse um exagero as duas horas e meia de projeção. “O filme se arrasta demais no meio, seria um filme incrível de 90 minutos”, disse Chris Nashawaty, do Entertainment Weekly.
A direção desta vez é de Rian Johnson, conhecido por A ponta de um crime (2005) eLooper (2012). Ele tem a missão de substituir J. J. Abrams, diretor do filme anterior, e George Lucas, mentor da trama toda e responsável pelos seis primeiros longas. Os últimos jedi dá sequência à jornada da jovem Rey (Daisy Ridley). Ela descobriu seus poderes ligados à “força” no último filme, mas ainda é atormentada por mistérios em torno de seu passado. O novo embate será contra o vilão Kylo Ren (Adam Driver), que, por sua vez, é neto do mítico Darth Vader e um dos líderes da Primeira Ordem, movimento totalitário que tomou o controle da galáxia.
Rey buscará ajuda de Luke Skywalker, herói da primeira trilogia, novamente interpretado por Mark Hammil. Passados mais de 30 anos, ele agora é um mestre ancião, recluso em um planetoide ermo depois de uma grande frustração que deve ser agora revelada, dando a Luke grande importância na trama. A nostalgia ganhará um tom mais emocionante pela presença de Carrie Fisher, em seu eterno papel da princesa Leia, agora promovida a general da Resistência, grupo que combate a Primeira Ordem. Fisher faleceu em dezembro de 2016, após sofrer um ataque cardíaco. A atriz havia gravado todas as suas cenas no filme. Durante a pré-estreia, ela foi homenageada, levando às lágrimas colegas de elenco e o público.
Outras figuras amadas pelos fãs como o Chewbacca, aquele ser peludo que se comunica por berros, pertencente à raça dos wookies, os robôs C3PO e R2D2 e a nave Millenium Falcon estão reinseridos, ao lado de novas criaturas, humanos e humanas. Nessa nova fase, Star wars se mostra condizente com a recente preocupação hollywoodiana em relação à representatividade de gênero. O elenco feminino atual é bem mais amplo que nos filmes do passado.
A presença das mulheres é destaque não apenas na quantidade, mas também pelo papel de liderança assumido pelas personagens. Rey é a grande protagonista. A princesa Leia Organa é a general da Resistência, que tem ainda a vice-almirante Amilyn Holdo (Laura Dern) e a tenente Connix (Billie Lourd) como comandantes. Além delas, Gwendoline Christie, a Brienne de Game of thrones, vive a capitã Phasma, líder do exército da Primeira Ordem. Depois da primeira aparição em O despertar da força, John Boyega aparece novamente no papel de Finn e Oscar Isaac retorna como Poe Dameron. O elenco ainda tem Domhnall Gleeson, como o general Hux; Andy Serkis interpretando o líder supremo Snoke; e Benicio Del Toro, que faz sua estreia na saga com o nome de DJ.
Abaixo, confira o trailer de Star wars: Os últimos jedi: