O presidente russo Vladimir Putin ordenou nesta quinta-feira que sejam liquidados no terreno os autores de atentados que colocarem em perigo as forças de segurança, depois do atentado ocorrido na véspera em São Petersburgo.
A explosão de uma bomba de fabricação caseira em um supermercado dessa cidade, que deixou 13 feridos, foi um ato terrorista, segundo afirmou Putin, em um contexto de preocupação com o retorno dos extremistas que lutaram na Síria.
O presidente disse que nenhuma pista está descartada e que uma investigação foi aberta por “tentativa de homicídio”, após a explosão, ontem à noite.
São Petersburgo já havia sido alvo de outro atentado em abril.
“Ontem (quarta-feira), um ato terrorista foi cometido em São Petersburgo”, declarou Putin, no início da cerimônia de entrega de condecorações a militares russos que participaram de operações na Síria.
Putin anunciou que ordenou ao Serviço de Segurança do país (FSB) para “liquidar os bandidos”, quando forem detidos na Rússia em caso de ameaça à vida, ou à saúde, das forças de segurança.
“Trata-se dos que se preparam para cometer atentados em nosso país”, explicou o porta-voz do presidente, Dmitri Peskov.
Em um comunicado, o Comitê Nacional Antiterrorista (NAK) informou que “um artefato de fabricação caseira colocado em um armário explodiu” no supermercado situado em um antigo cinema soviético na avenida Kondratiev.
A carga era equivalente a 200 gramas de TNT.
Os investigadores procuram pessoas relacionadas com o crime, destacou o NAK.
O portal de notícias Fontanka.ru divulgou imagens das câmeras de segurança que mostram o suspeito de provocar a explosão. Nas imagens, o indivíduo aparece com uma mochila, visivelmente pesada, mas deixa o supermercado sem ela.
Treze pessoas ficaram feridas, segundo um balanço atualizado das autoridades locais.
A Rússia foi ameaçada em diversas ocasiões pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) e pelo braço sírio da Al-Qaeda desde o começo de sua intervenção militar na Síria, em setembro de 2015.
São Petersburgo sofreu um atentado no metrô que deixou 15 mortos e dezenas de feridos em 3 de abril deste ano. O ataque foi reivindicado por um grupo pouco conhecido ligado à rede Al-Qaeda. O suposto autor do ataque também morreu no atentado.
Em meados de dezembro, os serviços de segurança russos anunciaram o desmantelamento de uma célula do EI que pretendia cometer atentados no dia 16 em São Petersburgo, especificamente na catedral turística de Nossa Senhora de Kazan.
Putin agradeceu ao presidente americano, Donald Trump, pelas informações transmitidas pela CIA que impediram os ataques.
Depois que Putin anunciou há algumas semanas uma retirada parcial das tropas da Síria, as forças de segurança informaram que temem o retorno de jihadistas da Síria.
Quase 4.500 cidadãos russos viajaram para o exterior para lutar ao “lado dos terroristas”, afirmou recentemente o diretor do FSB, Alexander Bortnikov.
A Rússia “fez uma contribuição crucial na derrota das forças criminosas que lançaram o desafio a toda Civilização, na destruição do exército terrorista, de uma ditadura bárbara”, disse Putin nesta quinta-feira.
São Petersburgo é uma das 11 cidades-sede da Copa do Mundo de 2018, que acontecerá de 14 de junho a 15 de julho. O governo russo prevê importantes medidas de segurança para o torneio.
O porta-voz do Kremlin negou a existência de alguma ameaça particular contra a segunda maior cidade do país, destacando que o terrorismo constitui um “perigo para qualquer cidade do mundo”.
“É um fenômeno contra o qual temos que lutar sem descanso e unindo os esforços de todos os países”, frisou.
AFP